Definitivamente, NÃO!!!

Não é porque eu estou aqui

Que eu preciso me render, aceitar

Compactuar, reforçar

Submetendo-me à:

Minização dos meus princípios;

Deformação do meu caráter;

Degradação do meu corpo;

Banalização do meu sexo;

Padronização das más condutas;

Comprotendo o meu "EU"

Não é porque pertenço a esse grupo

Que o usual tenta me impor, obrigar,

Convencer, ludibriar

Querendo-me:

Desvalorizar, rechaçar;

Corromper, violar;

Aprisionar a minha essência

Neste engodo sem sentido e imoral

Não é porque eu tenho sonhos

Que eles devem ser abandonados

Descartados, ridicularizados

Enchovalhados

Pela realidade feia e voraz

Que nos impele e deprime

Não é porque eu tenho desejos

Que eles devem ser comprimidos

Reduzidos, limitados

Simplificados

Como se fossem meros

reflexos instintivos e animalescos

Não é porque eu ainda tenho certos pruridos

Que façam de mim um ET

Um ser tacanha, retrógrado

Puritano,

Mas alguém que ainda tem

Sensibilidade e uma surpreendente pureza

Não é porque ainda grite em mim

Um senso, uma dignidade

Um sentimento, uma utopia

Que eu necessite:

Vender a minha alma;

Desvirtuar do meu caminho;

Anular os meus sentidos;

Abrir mão do paraíso;

Corroborando com o que está posto

Definitivamente, não

Eu não quero

Essa sensação de integração forçada

Sem opção, sem escolha

Que me faz sentir enlamiado, conspurcado

Sadomizado, aviltado

Por aquilo que eu abomino

E tanto me enoja

(Daniel Igor, 02/03/2009)