É incrível como crianças mimadas e paparicadas são potencialmente tiranas. Seja por serem filhos caçulas ou filhos únicos, elas sempre são os centros das atenções, cobertas de zelos e expectativas, até certo ponto, recorrentes de um certo exagero. Os pais esquecem que todo excesso de cuidados, dedicações e carinhos fazem mal - embora toda esse debruçamento diante do seu "baby", seja esperável e compreendido. Não sei porquê paira no imaginário coletivo dos pais de que os filhos caçulas e os filhos únicos são tão frágeis emocionalmene e/ou incapazes de agir com autonomia. Talvez isso aconteça, porque as "galinhas" não queiram que os seus "pintinhos" cresçam e saiam debaixo das suas asas e, nem tão pouco, abandonem o "ninho materno" ou porque foram criados para serem uns eternos dependentes afetivos dos seus pais.
Educar não é fácil e um exercício diário. Porém, muitos pais acabam errando na dosagem de tratamento, construindo um relacionamento baseado na dependência psicológica, na ausência de limites e filhos birrentos e imaturos que não sabem lidar com as próprias frustrações e limitações. Enfim, não são pessoas preparadas para a vida.
- "Hoje, filhos birrentos são capazes de matar os seus prórpios pais, sem resistência nenhuma, mesmo havendo a possibilidade de arrependimento depois. Alguns não apresentam culpas e nem remorços."
Não podemos esquecer que todos os componentes subjetivos de uma criança cercada de mimos e comportamentos birrentos transmutam da infância para a idade adulta. Isso sim, explica porque tantos adultos são o reflexo das crianças que foram um dia e continuam subjetivamente tão ou mais infantis quanto. Está aí o meu "reizinho" para confirmar essa teoria (meu lado rebelde qu eu estou tentando conter) e tantos outros adultos que eu já me deparei na minha trajetória de vida e que continuam sendo assim (bebezinhos), mas, agora como "crianças-grandes" - afetivamente imaturos.
No meu caso em especial, eu sou o filho caçula temporão de três irmãos, o xodó da minha eterna mãezinha, que Deus a tenha e guarde, que durante muito tempo eu fui o centro das atenções e extremamente amado, ao pondo de ser muito sufocado (mas, a questão desse sufocamento, será retratado em outro post, numa outra temática explicando porque eu tenho claustrofobia de mimos e gente grudenta). Embora, ser mimado faz parte da minha personalidade, é algo que não me satisfaz na minha vida adulta e estou procurando lidar com ela até antes mesmo de retornar a fazer a minha terapia.
Por lidar com adultos infantilizados (incoerentes, mimados, birrentos e até insanos muitas vezes), eu sempre tive muito cuidado para não realizar os mesmos comportamentos pelos quais eu tanto critiquei. Mas, em algumas manifestações do "reizinho", vindo em minha defesa diante de certas ameaças, isso me gerou um profundo encômodo e estranhamento, por não querer ter o meu lado infantil tão aflorado - sobretudo quando a minha tirania infantil, vem a tona, na sua forma mais ferina e impulsiva.
- "Ao invés de agir de forma impulsiva e infantil, eu sempre cobrei de mim mesmo atos coerentes e maduros, principalmente na hora de expor e impor o que eu penso, quero e sinto."
Então, cada um que cuide da sua própria criança, seja atuando subjetivamente na infância/adolescência ou na fase adulta/madura, porque crianças mimadas são potencialmente tiranas e essa tirania pode persistir intensamente na vida adulta sobretudo em questões de competição e do exercício de poder em relação ao outro.
- "Se algum momento eu fui visto como uma criança má, partindo do pressuposto que eu mordia as outras crianças sem dó e nem peidade e com muita satisfação, numa foi um problema para mim, até porque eu nunca considerei como desmérito ser intitulado a "ovelha negra da família" porque eu sempre achei fascinante andar na contramão, principalmente, quando guiado por motivações justificáveis."
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