Vasculhando o meu guarda-roupa, no meio das minhas poucas quinquilharias que eu não tive coragem de me desfazer, eu encontrei alguns VHS. Além dos filmes vitais da minha coleção particular, eu encontrei o capítulo final do reality show "Ilha da Sedução", apresentado pela Babi em 2002.
Há quase 1 década, os realities shows são exibidos na televisão brasileira, alguns deles com o formato do programa bem saturados, diga-se de passagem. Mas, a Ilha da Sedução em especial, além de ser um reality show polêmico e sedutor, colocando 05 relacionamentos em xeque, 05 namoradas no meio de 13 solteiros dispostos à tudo e os seus respectivos pares no meio de 13 solteiras periguetes numa ilha paradisíaca do Caribe, no mínimo, é muita ousadia e uma deliciosa sacada.
Mais do que intrigas, pegação e traição, a proposta do programa é analisar os comportamentos afetivos e os limites de cada relacionamento. A "fogueira final" é literalmente a prova de fogo dos casais, onde eles irão analisar os 14 dias que viveram separados na ilha e todas as experiências vividas, se é possível ou não continuar a relação. Dos 5 casais, 1 desistiu no meio do processo, como também, 1 rompeu no meio do programa, 1 continuou firme e forte e 2 sucumbiram as tentações e as fraquezas da carne.
Eu não me canso de assistir esse último capítulo, porque deixa muito claro os limites de cada um, o que aceita ou não, até aonde o território pode ser invadido ou não, enfim, sobretudo uma aula de relacionamento.
De todos os casos, o que eu mais gostei foi do Rafael (22) e da Marcelle (27), tanto pela sua complexidade, como a postura adotada pela Marcelle mesmo admitindo a sua traição. Simplesmente, nos coloca frente a frente com a infidelidade, onde todos nós estamos diante da possibilidade de trair e ser traído. Existem situações, sobretudo quando o relacionamento não anda nada bem, que não tem como não nos apaixonarmos por outra pessoa, alheia a tudo e que desperta em nós sonhos, desejos, anceios e possibilidades que não encontramos na relação que mantemos, seja por amor ou comodidade ou hábito ou, até mesmo, medo da solidão.
A fala dela é muito contundente, faz muito sentido, sobretudo com o contexto em que ela viveu na ilha. Antes ela vivia em função da vida e das vontades (manhas e mimos mesmo) do Rafael e descobriu na ilha sentimentos que ela desconhecia e nem tão pouco estava preparada para vivenciar. Ter encontrado o Adriano num momento de fragilidade, sobretudo emocional, a fez se descobrir e a fazer uma leitura de um namoro que já não ia bem fora da ilha, mas, que foi interrompido ali, naquela situação inusitada - tanto que resistiu as investidas do Adriano durante 11 dias, até o encontro romântico do final de semana (etapa final do reality para os casais antes da fogueira - que prova de fogo!!!).
A verdade é que lidar com vaidades, desejos, tentações e fidelidade é sempre muito complexo, polêmico, instigante e um fio de navalha.
- "Ninguém está livre de trair ou ser traído, nem você. Fraquejar, vacilar, errar... faz parte do processo de amadurecimento e aprendizagem, embora, nesse processo de autoconhecimento tenhamos que magoar terceiros, às vezes, magoar é inevitável, fugindo interiamente do nosso próprio controle."
Um comentário:
Você ainda tem essas VHS?
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