Quanto mais eu conheço as pessoas e entro em contato com as suas expectativas afetivas mais vontade de permancer sozinho eu tenho. Eu não me sinto representado na integralidade delas.
Eu não tenho que me enquadrar nos padrões ideias de ninguém e, nem tão pouco, que os outros se enquadrem nos meus. Eu sou único, legitimado por tudo aquilo que eu acredito, reflito, sinto, almeijo, realizo e experimento, seja expresso em acertos e/ou erros, qualidades e/ou defeitos, sorrisos e/ou tristezas, disposições e/ou não disposições, querências e/ou rechaços, certezas e/ou contradições, mas, o puro reflexo de mim mesmo.
Se por um lado, eu não me sinto representado nestas "exigências afetivas", por outro, eu estou liberto de toda e qualquer obrigação de não jogar esse jogo insano de sedução, onde as cartas desse jogo, sugerem-me aos desencontros afetivos, às frustrações e à autoflagelação de mim mesmo. Eu não quero participar de um jogo que não contempla e nem valoriza a minha essência e características, me machucando, me deprimindo.
Porque eu sinto que essa busca do complemento, da outra parte, acaba sendo sempre tão frustrante?!!! Sempre tão marcada pela desfé?!!! Sinto que a cada constatação negativa, as minhas forças foram completamente sugadas, esvaindo-se como sangue em uma hemorragia interna, restando-me o mais profundo nojo de quem se encontra em processo de rejeição das contradições. Estou cansado até de crer, sonhar, torcer, ..., ou sei mais lá o que. Não consigo crer nas palavras, em promessas e nem nas intenções das pessoas, por mais que eu me esforce, eu não consigo. Estou completamente descrente do outro.
Ninguém consegue estar na mesma sintonia do que o outro forçando a barra. Sinto muito medo de estar forçando isso, de tal forma, que eu possa estar contribuindo para dar um tiro à "queima roupa", contrariando a mim mesmo e me ferindo por isso. Querer estar em contato com os outros e perceber que eu sempre estarei alheio ao que elas idealizam para si mesmas é decepcionante, porque nenhuma destas idealizações nunca serão a representação fiel do que eu mesmo sou. Nunca esse impasse do que é idealizado e do que é real será superado ou deixará de existir, já que ninguém contrói elaborações de amor em função do outro, a partir do processo de convivência diária e do tempo, onde a regra geral sempre é partir de si mesmo, do que idealizam e esperam alcançar.
Ninguém conseguirá alcançar o personagem idealizado e venerado no pedestal do outro, isso é divino e não humano, isso é insano e não possível. Nenhum esforço é o suficiente para bastar o que se é sonhado, desde que, quem idealizou e venerou, troque o que está no pedestal por quem é possívelmente real. Eu não vou me adequar aos sonhos de ninguém, por mais próximos que sejam de mim, nunca será eu ali idealizado.
Eu queria me abster desse confronto integralmente, não tendo que sentir a necessidade dessa busca, para que a minha hemorragia estanque, que o meu coração permaneça dormindo, ignorante e poupado disso tudo. O excesso de realidade faz mal para o meu coração (orgão e subjetividade). Se fosse possível, eu gostaria de eliminar essa necessidade de mim.
- "Se alguém tiver que me amar, que seja por quem eu sou e não esperando que eu seja o personagem que foi sonhado."
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