Embora, eu estabeleça uma relação de amor e ódio com o meu romântismo íngênuo e irracional, eu não irei trilhar o caminho da promiscuidade, da degradação e do desrespeito com o meu próprio corpo, as minhas convicções e emoções e a minha alma. Prefiro pagar o preço da solidão, uma possibilidade considerada que não me causa nenhum espanto ou repugnância, do que ser vencido pelo sistema banalizado dos sentimentos e das ações - sendo mais um ser leviano e descartável.
- "Eu não sou descartável. Os meus sentimentos e as minhas buscas também não. Amargo todos os momentos em desejar o que eu não posso ter e nem alcançar ao invés de cultuar, subjulgar-me e valorizar uma trepadinha banal e passageira, sem profundidade alguma."
Não me rendo à gozo algum, porque nenhuma gozada satisfaz ou irá suplantar o carinho e o respeito que eu tenho por mim. Não pago e nem me dou de graça e nem por preço algum por um simples coito. Eu não sou mais um desses tantos carinhas que se portam como "carna de abate" ou objeto sexual descartável que tem por aí.
- "Apesar da abstinência, da dor, da escuridão e da tristeza de não ter um grande amor, pois pequenos encantamentos não me satisfazem, mesmo assim, a solidão ainda é uma saída mais digna."
"Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença. Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude. Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase. Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala. Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços meu pecado de pensar".
(Clarice Lispector)
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