O ataque gordofóbico de hoje, quando não é explícito através do discurso de ódio e da intolerância também se manifesta através da piadinha de mau gosto e desrespeitosa, das indiretas, das humilhações, chacotas e zombarias veladas e covardes feitas pelas costas do indivíduo, do rechaço e exclusão dos grupos sociais e da sociedade em geral, é o reflexo direto da permissividade do bullying sofrido de ontem, ainda alimentado na infância e na idade escolar, muitas vezes normalizado, onde os professores, os coleguinhas da rua e da escola, familiares e vizinhança reproduzem essa conduta inapropriada, perversa e excludente, de propósito ou não, consciente ou não, fechando os os olhos e fingindo que não veem, sendo omissos e submissos à essa violência física, moral e emocional mediada por agressões verbais e físicas e ao desrespeito que serão os gatilhos de ansiedade do amanhã, as causas que abalam a saúde mental dos indivíduos acima do peso e obesos através dos transtornos e compulsões alimentares.
Portanto, Senhoras e Senhores, Povo Brasileiro, não se trata de fazer apologia e romantizar o sobrepeso e a obesidade, porquê, como já sabemos, estar acima do peso ideal gera consequências à saúde, afetando o bem-estar e a saúde física e mental (transtornos alimentares, episódios de ansiedade e ataques de pânico), causando o aumento do colesterol e da pressão sanguínea e arterial, o surgimento de problemas respiratórios e cardíacos, diabetes, depressão e até problemas de fertilidade. Logo, a obesidade mórbida é uma doença grave e preocupante e pode até matar.
O problema da questão é a forma como você se relaciona e se direciona aos indivíduos gordos. Quando você utiliza o termo "gordo" para definir alguém, você não está apenas se limitando à definir uma caraterística física pessoal, esse rótulo carrega consigo uma série de estigmas negativos (doente, inútil, incapaz, preguiçoso, sem vergonha, lento, esteticamente feio, um indivíduo fora de contexto e lugar...), opressores e ofensores, mas também um histórico de dor e sofrimento em forma de ataques gordofóbicos sofridos por eles. Se você ainda não se deu conta, pois, já está mais do que na hora, não seja apático e insensível ao drama do outro. É muito fácil você ofender alguém que é constantemente alvo de críticas e ofensas por ser diferente e estar fora dos padrões sociais, que traz consigo problemas de rejeição e abandonos, constantes cobranças por emagrecer e ter o corpo perfeito, baixa auto-estima e autoconfiança abalada.
Quando você chama um gordo de "gordo" com a intenção de magoá-lo, ofendê-lo, depreciá-lo, envergonhá-lo, expondo-o ao ridículo diante dos outros, você está menosprezando, diminuindo, humilhando essa pessoa. Você nem precisa usar termos fortes e contundentes, basta apenas o uso de um tom covarde, irônico e debochado para se referir à ele. Logo, como você diz (o tom usado) faz toda a diferença e a intenção (ou falta dela) podem ser extremamente ofensivas e desrespeitosos, mesmo sendo velada, sutil. Você pode ser/estar sendo gordofóbico, preconceituoso e cruel, sendo assim atenha-se à isso: Gordofobia é crime e a sua gravidade não pode ser minimizada e/ou amenizada por um suposto "arrependimento" de retratação e um simplório "pedido de desculpas" ou sob à justificativa de "liberdade de expressão e opinião" - justificativa essa usada ultimamente para defender o indefensável, casos vexatórios e graves de preconceito!!!
Se você chamou um gordo de "gordo", sem deboche e ironia, sem intenção de desclassificá-lo e ofendê-lo, não é necessário pedir desculpas e nem retratação, pois não houve delito. Mas, nos últimos casos vinculados na mídia entre a Enfermeira (ganho de processo) e o Dep. Federal Nikolas Ferreira (exposição de opinião) X a dançarina e influenciadora Fabiana Carla, por exemplo, fica explícito a ausência de empatia e respeito presentes nos tons da suas falas (irônicas, debochadas, grosseiras) e conduta com desdenho e menosprezo deferidas contra ela, denotando-se ataque à pessoa dela. Diante disso, quem não merece desculpas são vocês, por sua opinião grosseira, debochada e arrogante.
Você pode não gostar ou não se identificar ou não querer se relacionar com uma pessoa gorda, é o seu direito de escolha, mas, tratá-la(o) com educação, respeito e civilidade é SIM um dever seu. Se você não tem nada agradável ou edificante ou aconselhável para dar, não dê. Guarde para si os seus pensamentos preconceituosos e vergonhosos e não compartilhe para não constranger os outros com esse seu lado um tanto quanto reprovável e obscuro.
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