terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

O Vigente Processo de Militarização das Escolas Públicas





O projeto educacional de militarização das escolas públicas já está em andamento e em pleno vapor na Região Centro-Oeste do país, já com modelo de escola militar padrão. O Ufanismo nas escolas está de volta, tentando resgatar e fortalecer o sentimento de patriotismo nessa nova geração de estudantes e envolver toda a comunidade escolar. A implantação de conteúdos escolares e à famosa disciplina militar composta por regras e punições, quase aos moldes dos quarteis e casernas militares, já são reais e uma tendência educacional à ser propagada em todo o território brasileiro. As escolas militares estão em alta novamente. 

- "É a exaltação do nosso slogan positivista "Ordem e Progresso" e a aclamação do nosso lindo Hino Nacional, para mim, um dos hinos mais lindos do mundo!!!"


O ponto forte das escolas militares é promover aos alunos um ensino de qualidade e uma conduta disciplinada, ensinando-os à respeitar as regras institucionais e escolares, geralmente valorizando a eficiência dos resultados e obediência às hierarquias em diferentes aspectos. Tudo indica que o modelo de aprendizagem estará baseado no comportamento condicionado, no positivo e operante, Sim, Senhor!!!, uma vez que estimular o pensamento crítico está fora de questão.

Se por um lado o modelo militar de ensino também tenha o seu valor, exaltando à necessidade de uma conduta respeitosa e organizada dentro das escolas e frear os ímpetos humanos, ensinando-os a importância de se ter limites e respeitar às regras para se alcançar um bom convívio familiar, escolar e social, por outro, também me causa preocupação à medida em que se propõe uma educação tradicional, valorizando interesses elitistas e limitando o processo de aprendizagem, o campo de conhecimento e a liberdade de expressão e diálogo. É a partir da ótica e do discurso militar, até certo ponto desconectado com a evolução e a dinâmica do mundo moderno, graças ao seu saudosismo e resgate ao passado, irá moldar as consciências e o comportamento baseado nos interesses ideológicos do poder vigente - da direita extremista. Para a Democracia em si e todas as suas conquistas cidadãs, baseadas nos direitos trabalhistas e sociais e no respeito às liberdades individuais, é onde mora o perigo e o retrocesso. 

- "Tudo menos a construção de um exercito de futuros cidadãos incultos, alienados políticos e ignorantes (intolerantes e preconceituosos). Afinal, conhecimento é poder e liberta os oprimidos da tirania dos opressores". 


Seria maravilhoso se esse processo de transição da Escola Inclusiva e Transformadora para a Tradicional e Militar acontecesse gradativamente, pensando objetivamente da redução dos impactos, traumas e conflitos para o processo de ensino e aprendizagem e adaptação dos alunos, professores e diretoria escolar, e não à fórceps como já está acontecendo em alguns estados e municípios. Como não será uma passagem espontânea, a sociedade e os educadores terão grandes polêmicas e impasses à serem enfrentados e debatidos e a Escola Pública terá muitos desafios pela frente. 

Se por um lado, tanta vigilância, fiscalização e opressão militar dentro das escolas públicas possa coibir o desrespeito aos professores e profissionais de educação, a violência e a criminalidade dentro das escolas, já sendo um ganho fundamental para o meio escolar, por outro, pode estimular o aumento dos altos índices de evasão escolar junto aos alunos, se esse grau repressão não for devidamente mensurado, como também a robotização dos professores em sala de aula, formando alunos submissos e alienados em detrimento da estimulação do seu raciocínio crítico e lógico, questionamento e atuação/papel social. 

Bem, a postura do novo governo diante ao conhecimento e a educação já sabemos qual é e até aonde a sua intransigência e percepção limitada e exclusiva futuramente nos conduzirão.  Se utilizado corretamente, o modelo militar pode trazer bons resultados, mas, eu creio que o real interesse de implantá-lo se limita à dogmatização das mentes, padronização dos comportamentos e limitação das liberdades e dos direitos individuais. Aguardemos os resultados.                      

2 comentários:

Anônimo disse...

Espero que todas as escolas públicas sejam a molde das militares... Olha o que houve na minha cidade Natal, excelente professor, nunca vi um mais sereno, mesmo assim, vítima de um mini marginal

https://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2019/02/24/professor-agredido-a-socos-por-aluno-de-14-anos-relata-medo-nao-quero-mais-dar-aula.ghtml

Dan... disse...


As escolas militares tem o seu aspecto positivo quando proporcionam uma educação técnica de qualidade aos seus alunos, veja ao caso do ITA por exemplo, estimula uma educação forjada no respeito e na obediência (dando limites que as famílias não dão mais aos seus filhos, independente da classe social) e no combate da violência e da marginalidade dentro das escolas. Nesse ponto, a disciplina militar tem muito à nos oferecer.

Agora, só me preocupa a seguinte questão: Se haverá liberdade para os alunos questionarem os conteúdos e os fatos & situações do cotidiano dentro da escola: Debater, Dialogar, Ampliar os conhecimentos. Sistemas militares são conhecidos por moldar as consciências.


"As lágrimas não reparam os erros!!!"

The Verve - Bitter Sweet Symphony (with lyrics)

♫ Pitty - Na sua estante

"Eu não ficaria bem na sua estante..."