sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Descanse dessa militância obrigatória, por um momento





Por um momento eu me peguei achando tudo tão chato e entediante. Pelas circunstâncias atuais em que todos nós estamos vivendo, de tamanha desunião, todo mundo tem uma resposta ferina na ponta da língua, até mesmo que ela não seja à correta ou a mais apropriada para a situação. Se não bastasse em tem que saber sobre todos os temas, conceitos e situações ou fingir que se sabe sobre tudo, ainda temos que nos encaixar num grupo, num time, numa organização, num universo bipartido, dividido em dois e rival. Ficar no meio, adotando uma postura neutra ou na tentativa de, não se pode, é como se fosse uma traição ou covardia não fazê-lo. A ferro e fogo, contra tudo e contra todos, é preciso se posicionar, escolher um dos lados para poder coexistir, em ser alguém. 

Um, É preciso ter uma resposta. Dois. É preciso estar em algum lado da trincheira ideológica e partidária. Três. Não importa o que for ou quando for, se houver um gato ou situação ou dilema de domínio público, você tem a obrigação de ter uma opinião para tudo, caso contrário, você é fortemente cobrado à ter. 

Nos dias atuais, por obrigação e pressão, todo mundo se tornou um militante (Owww coisa chata!!!), nem que seja apenas da boca pra fora, ter uma bandeira ou uma causa porquê lutar - se for uma necessidade intrínseca e espontânea, essa defesa flui de forma espontânea e com fundamentação, é melhor ainda. Na verdade, se você tiver autonomia e bem senso, você não é obrigado à nada:

  • Dê uma resposta quando você tiver uma razoável e pertinente para dar e quando você quiser dar. Caso contrário, é melhor ficar calado(a) na sua para evitar dar opiniões torpes e estupidas.

  • Se posicione e defenda uma causa quando você realmente se identificar com ela e quando você estiver verdadeiramente preparado teoricamente e disposto à fazê-lo. Caso contrário, não o faça, evite um mico. 

  • Ser militante fulltime ou pseudo-militante, aquele tipo seletivo e de rede social, fazer militância por obrigação, além de ser cansativo é opressão. Já chega de tanta gente chata, forçando à barra e embusteira.

  • Se por acaso você não quiser opinar e nem ser partidário de nada e de ninguém, não tem problema algum. Não querer se envolver com nada, se for uma decisão sua, também é um direito legitimo seu.     


Apesar da militância ter se tornado algo chato, mecânico, massivo e oportunista, fazê-la é necessário para desconstruir preconceitos e construir consciências. Mas, se por um dia ou por um momento qualquer, você quiser dar uma pausa, ter um merecido descanso e voto de silêncio, eliminar ruídos e conflitos, se desintoxicar de pessoas e relações tóxicas, então aperte a tecla "foda-se", permitindo-se à ficar indiferente ao mundo lá fora, às cobranças e urgências alheias que podem não ser as suas e vá em frente investindo e preocupado com você, com o seu mundo interior. Enfim, permita-se e faça a sua (auto)militância egoísta e pacífica por você. 
   

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