... Que ela seja responsável e responsabiliza por suas ações equivocadas também.
Tudo indica que vai ser assim mesmo. Então, antes de dar total "carta branca" para que a força policial tenha liberdade de ação e saia por aí cometendo equívocos graves e cometendo mais atrocidades, demonstrando o seu despreparo em operativos e a sua falta de equilíbrio emocional e psicológico para lidar com traumas, riscos e conflitos, é preciso tomar providências necessárias para dar à essa categoria condições de trabalho e conter o seu lado truculento, arbitrário e hostil. Adotar sistema de "tolerância zero" não justifica tratar cidadãos comuns e estigmatizados como marginais e criminosos (para não criminalizar contra inocentes) e, muito menos, legitimar massacres e chacinas dos vagabundos, marginais e criminosos. Baixas em combate fazem parte, mas, não fazer da polícia uma máquina de matar irresponsável e indiscriminadamente, mas, coibir a criminalidade como ela merece ser tratada, com vigor, firmeza, inteligência e eficiência. Se for para matar em operativo, que seja em casos extremos, em confronto direto com os bandidos, e em legítima defesa porquê "matar ou morrer" foi o último recurso que restou.
Para isso e antes disso, o governo precisa investir e amparar à Polícia, dando condições e aparatos técnicos e humanos para que o Policial esteja preparado e seguro, arriscando a sua própria vida e da sua família para enfrentar e coibir à marginalidade e diminuir os altos índices e casos de violência e crimes em todo o país, como também, garantir a segurança para o cidadão comum que mais sofre, seja nas comunidades carentes e periferias ou nos bairros mais elitizados, seja nos interiores e pequenas cidades ou nos grandes centros urbanos. Oferecer bons salários e incentivos trabalhistas para mandê-lo focado e estimulado à exercer a sua profissão de risco, instrumentos de trabalho apropriados (armas modernas, munições, coletes à prova de bala, viaturas em bom estado, aparatos tecnológicos e outros apetrechos), acompanhamento psicológico e emocional, cursos de especialização e reciclagem e outras iniciativas para valorizá-lo e ampará-lo quando estiver trabalhando, faz parte dos seus direitos e torná-lo um policial melhor.
Em contrapartida, os autocomandos policiais em seus respectivos Distritos/Estados, representada pelas delegacias e Secretarias de Segurança Pública e a Corregedoria da Polícia Federal, precisam ser instituições íntegras e capacitadas para cobrar resultados positivos e eficiência policial na dura e difícil missão de coibir e frear o crescimento da violência urbana e do crime organizado (cada vez mais organizado, ousado e destemido) e também fiscalizando as ações do seu contingente policial e tomando as devidas providências, seja premiando ou punindo, de maneira justa conforme as suas responsabilidades.
Será que a única opção viável para combater à violência urbana e criminalidade no Brasil é transformar a polícia numa máquina mortífera, autoritária, truculenta e propagadora de medo e terror junto à população?!!! Creio eu que, mais do que promover a cultura do ódio e do medo, a instituição policial civil e militar tem que criar uma atmosfera de respeito e proteção junto ao povo, desempenhando ações policiais de prevenção e de combate aos crimes, pequenos delitos. desordem e arruaças públicas de forma responsável e eficiente, exercendo o seu papel de proteção/segurança pública com dignidade e qualidade em prol da sociedade, de todos nós.
É importante salientar que, quem estiver no comando policial precisa ser uma figura idônea, capacitada para o cargo, comprometida com essa necessidade urgente da Segurança Pública e corajosa para enfrentar o caos social que nos aterroriza e não esteja disposto à encobrir ou fazer vista grossa para os equívocos, maus feitos, irregularidades e atividades ilícitas e criminosas que podem vir a ser cometidas dentro da instituição policial e em suas corporações. Caso contrário, perpetuaremos uma Polícia Corrupta e Violenta que legitima à prática coercitiva da "violência pela violência", realizando arbitrariedades em nome da lei e legalizando a prática da corrupção policial e do extermínio - prática bastante conhecida pelas milícias versus as facções nas favelas e morros cariocas.
Se o modelo de Segurança Pública adotado pelo Brasil não for repensado e modificado, a ação policial continuará sendo ineficiente e despreparada para cumprir a sua urgente e vital missão de nos proteger e o pior, voltando-se contra nós mesmos, à medida que adota uma conduta violenta, irregular e desastrosa como temos acompanhado nos noticiários, em diferentes estados brasileiros, tais como os seguintes casos ocorridos apenas nesse início de ano (2019):
- No Rio Grande do Sul, uma senhora idosa que trabalhava informalmente, foi contida e ajoelhada no asfalto quente por vender picolé numa via pública. Precisava os policiais agirem com tanta truculência assim?!!!
- No Ceará, uma jovem negra que participava do pré-carnaval foi açoitada publicamente por policiais como se fosse uma escrava. Precisava ser humilhada e violentada assim?!!!
- Em São Paulo, em uma manifestação estudantil pacífica contra o aumento das passagens dos transportes urbanos, a Polícia reagiu com bala de borracha e gases (de pimenta e lacrymogène) para dispersar os jovens manifestantes. Aonde ficou o direito de manifesto e liberdade de expressão?!!! Era precisa agir assim num manifesto pacífico?!!!
- No Rio de Janeiro, um grupo de jovens que aparentemente se divertia na praia durante a semana foi abordado por dois policiais e, no calor da discussão, um dos policiais deu um tapa na cara de uma das jovens e correu atrás do namorado dela com um cacetete, enquanto os demais jovens tentavam apaziguar a situação. É normal um policial em ação agredir um mulher assim?!!!
- Também no Rio de Janeiro, nas dependências do Extra, um jovem adicto de 19 anos foi imobilizado por um segurança do estabelecimento comercial e, enquanto a polícia chegava ao local, ele matou o jovem com um mata-leão. O Segurança foi detido e logo solto, onde responderá ao inquérito de morte sem intenção de matar. E vai ficar por isso mesmo?!!!
Enfim, dentre tantos outros casos narrados e devidamente documentados nas mídias e redes sociais, fica nítido o despreparo dos policiais em suas abordagens. Independente do delito cometido, que não foi devidamente esclarecido, nesses casos citados à cima, era necessário os policiais agirem assim?!!! Houve um abuso de poder por parte deles e sutileza no trato com mulheres, jovens e idosos. Dá para confiar e da "carta branca" para policiais que apresentam esse tipo de preparo em ação e conduta profissional?!!!
Nesse momento caótico, delicado e conturbado em que o Brasil se encontra, refém da Violência Urbana e da Criminalidade, precisamos de uma polícia preparada, amparada, responsável, consciente, confiável e eficiente que, ao invés de provocar mais caos, medo e conflitos, seja capaz de evitar as crises de segurança pública e nos proteja, servindo em prol do povo e não contra ele e nem colocando parte da opinião pública contra a instituição policial e as suas condutas e medidas protetivas. Qual é o tipo de polícia que nós estamos legitimando?!!!
2 comentários:
Acabo de passar num concurso para investigador da polícia civil. Defendo e sempre defenderei meus colegas. Laranjas podres existem em todos os pomares de profissões. Se não fosse a polícia, estaríamos vivendo o mais absoluto caos, por isso, a população deve agradecer àqueles que arriscam a vida por um salário irrisório diante do risco eminente
Sem dúvida alguma, o trabalho das Polícias (Militar, Civíl e Municipal) tem que ser valorizado, por ser uma profissão de risco e de combate ao caos social e à violência urbana e marginalidade. Por isso mesmo, merece nosso respeito quando possa oferecer as ferramentas e um ambiente propício para que os policiais possam exercer o seu papel com responsabilidade, entusiasmo e eficiência e também punir os maus profissionais.
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