terça-feira, 27 de agosto de 2019

Beleza Oculta, O filme (2016)






Beleza Oculta acima de tudo é um filme denso e auto-reflexivo. Acredito eu que, o propósito do filme seja tocar emocionalmente o público em geral, como também tentar  ajudar e confortar quem esteja passando ou já passou (e ainda não superou) as suas perdas, derrotas pessoais e afetivas, dando um start para entrar num processo de entendimento e superação. A história é construída a á partir de questões filosóficas e existenciais, dramas e questões psicológicas e metáforas baseada em três abstrações psicológicas: 
Amor - Todo mundo quer mais amor do que tem; 
Tempo - Todo mundo quer mais tempo para poder desfrutar e recuperar o tempo perdido;
Morte - Todo mundo ou a grande maioria tem medo de morrer. 

O filme apresenta o quanto a dor da perda nos deixa vulnerável e frágil e por isso precisamos ter o cuidado e a lucidez para que ninguém possa nos manipular emocionalmente, por estamos vivendo um momento delicado, e tirar proveito disso em benefício de outros e contra nós. Infelizmente, isso foi o que aconteceu com Howard após a perda da sua filha de 6 anos por causa de um câncer, o personagem interpretado por Will Smith, sendo apunhalado e enganado por seus sócios que estavam sendo afetados profissionalmente pelo drama vivido por ele. A forma como eles arquitetaram a superação desse obstáculo profissional, é completamente questionável e não deixa de ser sórdido.

Quando as relações humanas são mediadas por negócios e interesses financeiros, as tomadas de decisões para se resolver um problema ou um impasse são meramente frias e objetivas e o que lhe parece razoável e correto (ninguém deve ser prejudicado pelos problemas e debilidades dos outros) pode não ser visto como ético quando se trata de conexões afetivas. Sem dúvida, agiram com Howard de uma maneira desleal, à base do engano, da manipulação, da mentira. Nem sempre a razão anda de mãos dadas com o afeto. Essa rede de intrigas é melhor compreendida no filme, onde os dramas pessoais dos envolvidos, os três sócios interpretados por Edward Norton, Kate Winslet e Michael Peña, vão se conectando e ganhando sentido à partir da personificação da Morte (Hellen Mirren), Tempo (Jacob Latimore) e Amor (Keira Knightley) - supostamente interpretada por três atores amadores e desempregados. E a relação de Howard com um grupo de ajuda e apoio psicológico e sua relação intrigante com a mediadora do grupo (Naomi Harris).   

É um filme muito interessante, sobretudo quando o filme tenta explicar o conceito de "Beleza Oculta" através do aprofundamento das conexões nas relações humanas e na possibilidade de você também encontrar o lado positivo nos dramas que você passa - Não há um mal que não traga um bem, embora você não perceba isso logo de início, sobretudo quando você está no olho do furação, vivendo o caos.   

Quanto as dores e perdas pessoais, cada um de nós tem a sua própria maneira de enfrentar e reagir à elas, tem o seu próprio tempo para superá-las. Logo, ninguém tem o direito de querer impor padrões ou regras de como alguém deve ou não deve pensar, agir e sentir. Além do que, alguns dramas jamais serão completamente esquecidos ou superados, cabendo ao tempo nos ensinar à lidar com as nossas barreiras, incapacidades, ausências, lacunas e espaços. Cabe mais apoio do que julgamento. 

Enfim, fica à dica.  

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