terça-feira, 9 de julho de 2019

Como alguém pode defender o Trabalho Infantil?!!!






Brasil, o que te passa?!!! Como é que alguém, em sã consciência, é capaz de defender e tentar justificar e/ou ignorar e minimizar à degradação humana e trabalhista que envolve o Trabalho Infantil?!!! Que falta de humanidade, solidariedade e carinho com o próximo é essa e agora direcionada contra as nossas crianças?!!! Sinceramente, não dá para entender ou apoiar esse tipo de pensamento tão perverso que coloca as nossas crianças em situações de risco e vulnerabilidade, degradando os seus direitos humanos e constitucionais à viverem e desfrutarem em plenitude como também dignamente, dentro do possível, à sua infância (criança tem que ser criança, sendo assistida e bem cuidada pelos seus pais, por suas famílias) e ao acesso à educação escolar de preferência com qualidade (lugar de criança é na escola, sendo assistida e instruída pela Escola).

Dane-se essa guerra ideológica e partidária (imbecil, cada vez mais extremista e radical, desagregadora) entre Direita e Esquerda e, pelo amor de Deus, coloquem a mão na consciência para perceber e analisar criticamente à gravidade desse assunto. Se é que, alguém que defende essa atrocidade que atenta contra a infância e a inocência das nossas crianças, tem e faz uso da sua consciência. 

Além desse discurso nefasto, imoral e vergonhoso em prol do Trabalho Infantil, por si só não se sustenta, porquê a realidade sócio-econômica das nossas crianças e as suas famílias não é igual, elas não compartilham das mesmas oportunidades e incentivos, reflexo de um país baseado na desigualdade social, na má distribuição de renda e na carência de uma política pública e eficiente que tenha como prioridade amenizá-las e oferecer oportunidades para todos. Diante dessa perspectiva baseada em conflitos e contrastes, o Trabalho Infantil não oferece às crianças, sobretudo às mais carentes e desassistidas por suas famílias e o Estado, as garantias e os resultados para que elas possam ascender socialmente, ajudando na renda familiar, ou cumprir as suas aspirações pessoais. 

Nesse sentido, não dá generalizar ou padronizar regras produtivas e positivas que possam justificar o "bem" que traz para uma criança que inicia a sua carreira profissional a partir da infância - não dá para apontar essa circunstância como via de regra. As crianças das classes sociais mais baixas, que vivem na linha da pobreza e são desprovidas de tudo, tanto material quanto afetivo, sem a menor estrutura física, emocional, familiar e sócio-econômica e, quiçá, tenha perspectiva de futuro, não possuem a liberdade de escolha e nem estrutura para continuarem sendo apenas crianças. É por essa falta de opção e suporte familiar e estatal que elas ingressam no Mercado de Trabalho, tornando-se uma força de trabalho explorada, desqualificada e desvalorizada à serviço do subemprego e outras degenerações desse tipo de trabalho, tornando a única oportunidade para que elas possam ajudar na renda familiar, tentar sub-existir e tentar superar à realidade de pobreza e degradação que as cercam. Não há outra opção de escolha se não trabalhar, caso contrário, continuarão abandonadas à própria sorte, sendo vítimas de vários tipos de violência, incluindo à violência doméstica e familiar, sendo atraídas e cooptadas pela marginalidade e a criminalidade. Dentro dessas circunstâncias, como uma criança pobre poderá dizer não diante da possibilidade de trabalho?!!! Nesse caso, diga sim ou não, estará exposta à exploração e a vulnerabilidade, seja pelo Trabalho Infantil ou pelo universo da pobreza (violento, marginal e criminoso).

A realidade dessas crianças pobres, degradadas e vulneráveis às situações de riscos é bem diferente daquelas crianças que podem se dar ao luxo de trabalhar precocemente, seja por incentivo dos pais, que estarão ali para dar o suporte financeiro, afetivo e familiar ou dispostos à se sacrificarem para que os seus filhos possam realizar os próprios sonhos e objetivos de vida ou aqueles sonhos dos pais, que não foram cumpridos quando eles eram crianças, e são projetados em seus filhos em serem futuros médicos, advogados, empresários de sucesso, artistas e celebridades. É nítido que, quanto mais estrutura financeira e familiar essas crianças possuem, elas menos sacrificaram os seus estudos e a sua infância.

Todavia, seja pela extrema necessidade de sobrevivência e enfrentar uma vida repleta de restrições e carências ou ajudar na renda familiar ou investir no desenvolvimento dos talentos e aptidões profissionais dos seus filhos ou conquistar uma determinada independência dos pais ou realizar sonhos de consumo, todas as crianças que ingressam no universo do trabalho, umas mais, outras menos,  acabam sacrificando parte da sua infância e não desfrutando plena e tranquilamente o seu universo lúdico, afetivo e infantil, próprio dessa etapa da vida em que a ajuda à descobrir o mundo, as relações interpessoais, as regras sociais e as brincadeiras e os jogos lúdicos, sendo uma maneira de autodescoberta deles próprios quanto pessoas e indivíduos no mundo, como também podem comprometer negativamente a sua aprendizagem escolar. 

Não podemos negar que existem perdas significativas para as crianças nesse processo trabalhista, principalmente para as mais pobres e sem assistência, além de deixá-las mais expostas e vulneráveis aos abusos trabalhistas (exploração e degradação da sua força de trabalho), aos acidentes de trabalho e até riscos de abusos sexuais. Já as garantias de formação e sucesso profissional e ascensão social familiar é muito mais uma ilusão do que uma regra geral, porquê nem todas as crianças conseguem alcançar os seus objetivos, uma vez que as oportunidades de trabalho são mais degradantes do que edificantes e não são as mesmas para todas elas. E aquelas que conseguiram, fizeram grandes esforços para tentar mudar a sua sorte adversa.  

Tentar glamurizar o Trabalho Infantil é uma temeridade, porquê as crianças carentes jamais terão as mesmas oportunidades profissionais e os mesmos resultados do que aquelas crianças abastadas e com boa situação econômica e estrutura familiar que iniciaram a sua vida profissional mais cedo por capricho e estímulo dos pais, uma vez que podiam contar com todo o suporte que necessitavam para se desenvolver. 

Logo, para se alcançar o desenvolvimento satisfatório de uma criança, vai muito além do que o aprimoramento técnico e profissional ou o início das suas primeiras experiências profissionais, mas, é imprescindível o seu desenvolvimento psicoemocional quanto pessoa. Uma criança feliz, que não teve turbulências na sua infância e muito menos na educação escolar, terá ferramentas internas (psicológicas) e inteligência emocional para enfrentar a vida adulta e os desafios do universo do trabalho. Quando etapas do desenvolvimento humano não são respeitadas e nem são cumpridas como se deve, as sequelas surgem e prejudicam o seu desenvolvimento humano e produtivo.

Definitivamente, a preocupação de toda criança é "ser criança" e cumprir com as suas responsabilidades quanto "estudantes". Se essa etapa for perdida, interrompida e desprezada, emocional e psicologicamente ela jamais poderá ser recuperada.  É uma perda, um dano, irreparável - educadores, médicos, neurologistas, psicólogos e terapeutas advertem isso. Enfim, dentro do possível, adultos felizes foram crianças felizes e muito bem assistidas, cuidadas e amadas. 




          

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