sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

O precoce afastamento da 1ª voz da Oposição





Se estivéssemos em guerra, eu diria que o exército da oposição teve a sua primeira e importante baixa. Ontem (24/01), foi a vez do Deputado Federal do PSOL, Jean Wyllys, abrir mão do seu mandado e permanecer fora do país, após ter sido fortemente ameaçado - não apenas uma vez, mas, várias e constantes vezes. E amanhã?!!! Quem será o próximo opositor ao novo governo que será coagido, ameaçado e obrigado à se retirar da cena política brasileira obrigado para preservar a sua própria vida e integridade física, moral e familiar?!!! Eu confesso que eu não esperava um fato tão grave e alarmante assim fosse acontecer tão rápida e forçosamente assim, em menos de 1 mês do início da gestão presidencial. 

O que podemos esperar da um governo que não oferece uma estrutura investigativa e protetiva para resguardar à segurança e os direitos constitucionais de um parlamentar, mesmo sendo oposição política e partidária a ele?!!! Se fossemos um país sério, com certeza, tanto faria ser um político da situação ou da oposição, mas, teria os seus direitos e o seu mandato resguardado. Não é o nosso caso e nem esse caso em específico. 

O que podemos esperar de um governo nacionalista que flerta com ideias e ações extremistas, fundamentando o seu discurso em teorias conspiratórias e fantasiosas, onde as suas inspirações teóricas e ideológicas são baseadas em "filósofos" e pseudo-intelectuais que vivem praticamente numa matriz, num universo paralelo ou seriam autistas ou esquizofrênicos em pleno ataque de nervos?!!! Intelectual e culturalmente estamos vivendo um momento histórico estranho. 

O que podemos esperar de um governo que adota um discurso político volúvel e inconstante, onde, hoje e agora diz uma coisa e, em questão de horas, desdiz o que disse anteriormente e fica nesse joguinho de palavras e ações que confundem todo mundo, inclusive eles próprios?!!! E, se não o bastasse, não sabe lidar bem com as críticas e não tem o compromisso em dar explicações claras e consistentes das polêmicas que causam a partir das suas falas, declarações, ações e descobertas investigativas. Qualquer justificativa, seja para explicar ou desmentir um fato, seja atacar ou se defender das críticas, é "fake news". Usa-se essa desculpa esfarrapada conforme a sua conveniência, surtindo efeito positivo entre os apoiadores e eleitores do novo governo, não sei se todos, mas, em grande parte.  

Nunca na história desse país, desde as campanhas eleitorais de 2018 e o início desse governo, nunca se falou tanto em "fake news" ou se usou do ataque ao presidente e da sua condição frágil de saúde para evitar debates, coletivas de imprensa - enfim, dar qualquer tipo de explicação ao Brasil sobre as últimas polêmicas e escândalos fiscais e financeiros envolvendo o filho do presidente e uma laranja de vulgo Queiroz, o caso Marielle e Anderson, o apoio e a defesa das ações violentas, truculentas e arbitrárias das milícias no Rio de Janeiro, práticas de nepotismo e paternalistas envolvendo o conceito de "meritocracia" para nomeação de cargos públicos e outras pautas curiosas, intrigantes e sem respostas. Sim, além das cortinas de fumaças quando os seus ministros soltam algumas "pérolas aos porcos".  

E nessa atmosfera de "eu não tenho nada à declarar" ou "não sei do que se trata", o que podemos esperar de um governo que evita o diálogo frontal, direto e transparente. atuando seletivamente ao dar entrevistas e pronunciamentos públicos apenas para emissoras e veículos de comunicação que são apoiadoras do governo?!!! Seja por motivos religiosos e interesses evangélicos ou interesses empresariais como os das emissoras paulistas. Quem não deve e não tem o que esconder, deve tratar a imprensa brasileira como um todo e o devido respeito, sem protecionismo e predileções, deixando todos os jornalistas trabalharem sem medo de boicotes, ameaças e retaliações e censura e apurar a notícia com liberdade de expressão e sobretudo apurando as verdades dos fatos. Pela forma como o novo governo vem se comportando, eu creio que ele não sabe lidar muito bem com críticas e oposição. 


- "Ai, Senhor... eu e as minhas inquietações. Mas também, diante de tudo o que eu estou observando até aqui, eu não tenho como não esperar qualquer coisa desse governo. Oops, voltemos ao tema da postagem".


O que significa a renuncia do Deputado Federal Jean Wyllys para o cenário político brasileiro?!!! Primeiro, o Brasil perdeu um político honesto e realmente comprometido com a defesa das causas sociais, ambientais e humanitárias, atuando em prol dos direitos civis das minorias e também dos demais, dos mais necessitados - a ala majoritária e pobre brasileira. Em seus dois mandatos anteriores, deu consistência à sua voz, sendo oposição quando precisava sê-lo e estando aberto ao diálogo e ao debate de ideias e sensato no jogo democrático, apesar de todos os ataques pessoais que recebeu sobre os seus opositores, hoje é a situação. Segundo, a oposição política e partidária perdeu a sua primeira voz que até então não havia sido forçadamente calada diante das injustiças sociais e das irregularidades políticas. Uma voz de resistência foi calada, afastada precocemente.

Alguns militantes, eleitores e integrantes do governo festejaram essa notícia, justificando de que era menos um opositor para atrapalhar a gestão do novo governo. E a forma como a renuncia ocorreu, sob ameaça e coação, não é digna de atenção e indignação?!!! Vão passar o pano até na violência e na arbitrariedade do fato?!!! Eu heim, que povo estranho!!! Onde esse exército de bestas-feras estavam escondido esse tempo todo ou eu não notei da minha protegida bolha virtual?!!! 

Será que voltamos na época da Ditadura Militar que a "esquerda revolucionária brasileira", abraçada pelo movimento estudantil, intelectuais e artistas, eram "convidados" à deixar o Brasil via exílio?!!! Pois os mesmos que estão régios e plenos com esse retrocesso político, esquecem o papel fundamental da política de oposição para manter o jogo democrático funcionando, como também, fiscalizando e exigindo do governos cumprir com o seu plano de governo e evitar que os nossos direitos como cidadãos brasileiros não seja desrespeitado. Governo sem oposição, sem resistência, se transforma num governo totalitário, numa ditadura. Vocês querem viver num sistema rígido e fechado como nos moldes da Coreia do Norte, Turquia, Rússia, China, Venezuela (em plena transição) e outros?!!! 

Trata-se de uma perda para a voz da oposição e da democracia, porquê abre o precedente de que outros parlamentares sejam ultrajados assim, obrigados a deixar a sua pátria, as suas famílias e mandatos. Brasil, aonde iremos chegar?!!! Não traço um panorama muito positivo e pacificador. Nesse episódio, infelizmente, perdemos todos nós.                         

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