sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

- "Meninos usam azul, Meninas usam rosa".





Em tempos de hostilidade às diferenças e de bipartidarismo político e ideológico, a fala da Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, foi extremamente desnecessária, imprópria e provocativa. Não é à toa que as redes sociais reagiram negativamente, usando de muita ironia e deboche contra a palavra dela e subindo a #CorNãoTemSexo . E não tem.

Até quando os conservadores irão fechar os seus olhos e entendimento como também continuaram assumindo uma uma conduta soberba, intransigente, excludente e reacionária para admitir a importância da igualdade de gênero, onde homens e mulheres podem e devem ter os mesmos direitos e ter acesso as mesmas oportunidades para se desenvolverem como indivíduos e profissionais, e da diversidade sexual para os dias atuais?!!! Para compreender a complexidade da sociedade brasileira atual?!!! Não é demais destacar que a sexualidade humana não se limita ao padrão normativo heterossexual.   

Não serão as regras normativas e coercitivas ou elaborações simbólicas com fins ideológicos que irão transformar a essência, o íntimo já definido, de um ser humano, principalmente se ele(a) já traz consigo tendências homossexuais e femininas desde à infância - os primeiros sinais podem ser percebidos já nessa fase do desenvolvimento humano. Não será uma cor em específico que definirá a sua sexualidade, apenas "rotular" um padrão social. Nesse sentido, tanto meninos quanto meninas podem usar azul, rosas e as demais cores que eles se identificarem e/ou preferirem. Todo mundo tem uma cor preferida e nem por isso define quem nós somos. Eu, por exemplo, na infância era alucinado por amarelo, hoje, já nem tanto. 

A sexualidade não é determinada por uma "opção"/"escolha", onde você pode mudar de vontade, instinto sexual e desejo quando bem quiser, por um ímpeto irresponsável ou um impulso incontrolável ou um forma de afrontar (causar) ou rebeldia ou uma mudança de ânimo e humor ou puro modismo. Não é através de uma escolha leviana e inconsequente como alguns gostam de insinuar. A orientação sexual é determinada por sua identidade sexual, a sua essência, a sua verdade subjetiva. 

Em virtude disso, alguns percebem mais cedo do que outros que são diferentes sexualmente do padrão hetero normativo e que apresentam tendências homoafetivas. É a influencia familiar e do meio em qual eles estão inseridos que tornará esse processo de autodescoberta e de desenvolvimento mais ou menos conflituoso, mais ou menos acolhedor, mais ou menos libertador. Alguns são apoiados, outros são rechaçados.

Para uma sociedade conservadora, a heterossexualidade é uma engrenagem fundamental para manter viva a célula familiar vigente (a primeira célula social), passando de geração em geração à herança conceitual e ideológica tradicional: As normas e as condutas éticas e morais que à legitimam como uma sociedade patriarcal, machista, familiar e universal. Porém, para contrarias as suas regras conservadoras, a genética lhe prega uma peça.

Os conservadores esqueceram que os homossexuais tem pais heterossexuais, fruto de uma relação afetiva entre um homem e uma mulher (supostamente heteroafetivos) e foram criados dentro do padrão hetero normativo. Não me interpretem mal ou pensem que eu estou generalizando todos os casais heterossexuais, pois quando eu utilizo o termo "supostamente" é porquê toda regra tem a sua exceção. Como a sociedade em geral é hipócrita e utiliza de falso moralismo, é fato de que gays, lésbicas e bissexuais se casam e vivem uma relação heterossexual forçadamente, seja por pressão social ou medo de serem alvos de preconceito e rechaço social. 

A religião e a coerção social é tão implacável contra os homossexuais que muitos deles cresceram alimentando sentimentos de culpa e de inadequação que tentam negar a sua própria natureza homoafetiva, sedendo as pressões e violentando-se emocionalmente e até fisicamente (automutilações, depressões, psicopatias e agressão física e moral aos outros homossexuais - o espelho que lhe fazem lembrar da sua própria essência homoafetiva e erótica, causando conflitos internos), abrindo mão de quem realmente são, das suas próprias verdades e sexualidade, ou levando uma vida dupla e promiscua.   

Tentando se moldar aos padrões conservadores e desempenhar os seus papeis sociais, aqueles que não tem personalidade e coragem para assumir a sua condição homossexual, lutar pelos seus direitos e cidadania e dar a cara para bater, acabam aceitando as regras do jogo, oprimindo os seus desejos e até deixando de realizar práticas homossexuais, porém, intimamente, sabem que não estão sendo autênticos consigo mesmos e a sua identidade sexual continua ali, ora adormecida, ora atuante, mas sempre presente lhes fazendo sofrer. Até quando eles irão conseguir manter essa farsa social, negar a sua verdadeira essência homoafetiva e carregar esse fardo nas costas, eu não sei e somente quem estar vivendo isso na pele saberá o momento adequado de lutar pela sua liberdade e sair de "dentro do armário".  Agora, sair ou não de dentro do armário é um direito de escolha pessoal e ninguém tem o direito de arrancá-lo(a) de lá se não for da vontade dele(a). 

O que eu quero dizer com tudo isso é que, nenhum criança e/ou adolescente que já tem a sua heterossexualidade como verdade interior, afetivamente bem encaminhada ou definida (é um processo natural e não imposto), não haverá interferência externa no mundo poderosa o suficiente para mudar a sua verdade heteroafetiva, a sua identidade. Portanto, balelas e frases de efeito do tipo "Meninos usam azul. Meninas usam rosa", são apenas bravatas ordinárias e vazias de conteúdo e senso crítico e repletas de ignorância e preconceito.






Para finalizar é importante desmistificar algumas generalizações nessa esfera da diversidade sexual:
  • Nem todos os meninos afeminados e sensíveis são gays; 
  • Nem todas as meninas masculinizadas são lésbicas;
  • Nem todos os transsexuais atuam na área da prostituição;
  • Nem todos os homens e mulheres casados e estão integradas aos padrões heteros normativos são 100% heterossexuais, podendo ser homossexuais "incubados" e até mesmo bissexuais;
  • Cor não define o gênero e a sexualidade de ninguém. 

Enfim, é uma pequena amostra de que a sexualidade humana é diversa, nem tudo é preto no branco e existem exceções. Não fui eu que inventei a regra, basta apenas se informar (Informação é poder) e abrir os olhos para o mundo e a tudo que estar ao seu redor, ampliando os seus horizontes e a sua mentalidade.  







Meninos, cor não tem gênero!!!

Meninas, cor não tem gênero!!!

2 comentários:

Anônimo disse...

Deixem as crianças em paz!!!

Dan... disse...

É melhor dizer: - "Deixem elas crescerem felizes, espontâneas e sobretudo amadas como são e muito bem cuidadas por seus pais, longe de qualquer preconceito".


"As lágrimas não reparam os erros!!!"

The Verve - Bitter Sweet Symphony (with lyrics)

♫ Pitty - Na sua estante

"Eu não ficaria bem na sua estante..."