sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Armar ou NÃO armar à população, eis a questão.





A visão conservadora peca quando tenta construir hoje uma sociedade ultrapassada, baseada num contexto histórico que já não existe mais. É uma missão ingrata e fadada ao fracasso, porquê viajar no tempo de regresso ao passado é impraticável, sendo apenas possível de materializar em roteiros de filmes como "Elo Perdido" e "De volta ao passado", e, principalmente, a sociedade evoluiu, onde ela possui uma dinâmica social própria, selvagem e indomável, por mais que tentem domesticá-la a partir dos seus princípios e projetos tradicionalistas. Talvez, a grande lição que todos nós teremos durante esses 4 anos de Bolsonismo é perceber que o Brasil de hoje não é e nem pode ser pensado e governado como se fosse aquele Brasil da época dos nossos pais e avós - nos princípios dos Séculos XIX e XX, pois avançamos positivamente em alguns aspectos desde então, apesar de toda essa nossa caoticidade em que vivemos. 

Vale ressaltar que a sociedade brasileira evoluiu ao tal ponto que regras éticas e morais de outrora, pertinentes para aquele tempo, já se tornaram obsoletas e descartáveis atualmente, porquê elas não representam mais quem nós somos e nem acompanharam o ritmo político, econômico, sociocultural do nosso país e, muito menos, a evolução mundial. Mas, embora eu seja um homem atual, do Século XXI, eu acredito que algumas tradições sociais deveriam ser conservadas, enquanto forem pertinentes e aplicadas ao momento em que vivemos, por questão de sobrevivência, identidade sócio-cultural e respeito ao próximo com o intuito de nos afastar da degradação humana, ética e moral. Ter bom senso e senso crítico é essencial e não é sinônimo de vivermos no passado, na Idade da Pedra Lascada. Penso, logo existo. 

Todo esse pré-ambulo se faz necessário e pertinente para refletirmos e dialogarmos sobre a pauta do armamento civil, outra polêmica da vez - Oferecimento Bolsonaro & CIA/s.a. Será que esse é o caminho correto e eficiente para nos proteger da violência urbana e da criminalidade que nos oprime e aterroriza?!!! Precisamos fundamentar mais essa discussão. Talvez, hoje, aquele Brasil mais ordeiro e que não sofria com o crime organizado, a degradação da força policial e a decadência da política pública de segurança nacional fosse solícito em abraçar a causa do armamento da população e ainda estivesse influenciado por um contexto social adequado para tal e não existe mais. E o Brasil coagido e desesperado de hoje?!!! Apesar do consenso geral de que não podemos mais ser vítimas dessa situação violenta, não vivemos mais em paz diante desse constante estágio de alerta e de insegurança por causa das ações violentas e marginais presentes diariamente entre nós - sendo para alguns já como um ato corriqueiro, normal. 

No meu singelo ponto de vista, a sociedade brasileira não está preparada para lidar com essa responsabilidade de ter a posse doméstica de arma, apenas para fins de defesa patrimonial e integridade física nos limites do lar. E em se tratando de porte de arma?!!! Muito menos. Além de não respeitarem as restrições legais para manter o posse de arma somente no ambiente doméstico, de propriedade, irão querer portá-la à torto e à direita, de cima para baixo, toda hora com a arma posta na cintura como se fosse um pistoleiro-justiceiro. É preciso considerar que ter uma arma em casa, além de promover a defesa da família (muitos casos, não possuem um final feliz quando há reação em defesa própria), também abre precedentes para aumentar os casos de violência e acidentes domésticos. Eu não tenho a menor dúvida que haveria um aumento dos números de suicídios e feminicídios e ameaças contra as mulheres por seus cônjuges. O povo brasileiro anda muito estranho, principalmente essa nova geração entre os 20 e 30 anos, e eu nem sei dizer se o que o Brasil tem de melhor é o brasileiro. 

Mas, porém, todavia, contudo, eu também sei que nós estamos cada vez mais vulneráveis à violência urbana, em todas as suas variações (tipos e formas) e por todas as partes, e ao crime organizado, não estando seguros nem mais dentro das nossas casas. O nosso lar é a nossa prisão. Será que o problema da (in)segurança pública do Brasil deve ser resolvido e se curvar ao apelo desesperado de todos nós diante da aplicação de medidas imediatistas como o armamento da população?!!! Nos deixa protegidos de fato ou nos dá a falsa sensação de que estamos protegidos?!!! Partindo do pressuposto de que a grande maioria dos brasileiros não tem intimidade com armas e nem são expertes em defesa pessoal e nem tiro defensivo, cada equívoco em defesa pode ser fatal. Além dos bandidos não terem nada a perder, além da sua própria vida marginal, eles estão muito mais acostumados ao uso de armas de fogo e cometer atrocidades ao cometer os seus sinistros. O meu receio é que a imprudência e a irresponsabilidades de alguns portadores de armas por total despreparo se converta em números e eleve ainda mais os índices de mortalidade e violência no país, como também, fortalecendo o mercado ilegal de armas que favorece às gangues de periferia, ao crime organizado e aos narcotraficantes. 

Para frear a impunidade, a insegurança e os impactos da violência urbana e criminal em nossas vidas, armar a população não basta e nem resolve a complexidade desse fenômeno no país, destruindo lares e famílias e matando gente inocente de todas as classes sociais, cores, sexos e credos. Tratar desse câncer social perpassa pela educação de prevenção preventiva, reaparelhamento, treinamento e reciclagem da força de segurança policial (municipal, civil e militar), investimento pesado em inteligência de segurança pública, combate à corrupção e ao crime organizado e reestruturação do sistema judiciário e carcerário. Será que eu esqueci de citar alguma ação de intervenção?!!! 

Enfim, não dá para distribuir a posse de armas de maneira imediatista, irresponsável, aleatória e, muito menos, de forma amadora e simplória equiparando-a como conseguir a autorização do Detran para conduzir legalmente um automóvel. Justificativas torpes não solucionaram o nosso problema e nem fomentarão um debate rico, coerente e elucidativo sobre esse assunto.  

Putz, agora que eu me dei conta de que faz mais o estilo do novo governo fazer imposições do que discutir junto a opinião pública. Perdoem-me desse lapso.                           
    

2 comentários:

Anônimo disse...

Espero que você nunca perca um ente querido p violência sem ao menos ter chance de se defender ou defendê-lotalvez só assim p vc acordar p realidade, os bandidos já estão armados meu caro, o estatuto do desarmamento não funciona. Logo que for liberado vc vai ver como vai cair a taxa de homocidios, é assim em todos os países armados.

Dan... disse...

Meu pai foi assassinado covardemente lá no início da década de 80, por disputa de terras - no caso, o assassino avançou nas terras da nossa família por mera ganância. Logo, infelizmente, esse infortúnio não me fez insensível, mas sedento por justiça.

Você leu o meu texto todo?!!! De mente aberta?!!! Aí eu explico as causas do meu ponto de vista. Se leu e não concorda, respeito o seu ponto de vista. E, se os números de violência diminuírem como você crê, não se preocupe, que com certeza terá o meu registro postado aqui.


"As lágrimas não reparam os erros!!!"

The Verve - Bitter Sweet Symphony (with lyrics)

♫ Pitty - Na sua estante

"Eu não ficaria bem na sua estante..."