Ultimamente, seja na vida pessoal ou no universo do show business (novelas, seriados, filmes, realities shows), "shippar" um casal se transformou um hábito comum nas redes sociais. A partir dessa necessidade de formar casais, sejam fictícios ou não, fakes ou de verdade e independente do sexo, idade e raça, os casais "shippados" geram paixão e rivalidade entre seus seguidores/ "shippers"/ teams/ fandom.
Quando se trata das motivações dos shippers, aqueles seguidores apaixonados que defendem os seus casais shippados com unhas e dentes e muitas justificativas, provavelmente eles projetam nos seus "shippes" partes de si: carências, fantasias, afinidades, tipos ideais, tudo o que pode influenciar e dar sentido ao seu universo psicoafetivo, fazendo do seu casal o seu espelho, refletindo nele os seus desejos mais íntimos.
Assim, nessa necessidade de preencher as suas lacunas afetivas ou por ânsia de viver um grande amor ou, quem sabe, por ter a natureza solitária ou ser um romântico incorrigível, muitos shippers acabam perdendo a sua objetividade e senso crítico por quê estão mais preocupados em provar as suas teorias e ter razão quando se trata do porquê de shippá-los do que propriamente focar na compatibilidade e na felicidade real do casal.
Nem sempre o quem que a gente shippa é adequado para ser o casal ou par ideal para a gente e/ou para os outros, pois, inconsciente ou não, colocamos na frente a nossa subjetividade em primeiro lugar e até o nosso egoísmo. Quem nós julgamos como casais prováveis. pares afins, podem não ser. Às vezes, os casais considerados como "improváveis" são mais prováveis e afins do que podemos supor.
É muito comum cairmos no erro de adequar a vida alheia de acordo com as nossas convicções, esquecemos que as nossas regras e padrões afetivos nem sempre são verdades absolutas e podem se adequar à outras vidas e realidades diferentes das nossas. Cada universo pessoal é único, é o que nos torna especiais e diferentes dos demais, mesmo que exista alguém que se identifique e compartilhe com os mesmos ideais. No final. "match" são apenas possibilidades matemáticas.
Casais improváveis podem ser mais afins, prováveis e recíprocos do que podemos imaginar. Ao invés de sair por aí shippando aleatoriamente, eu prefiro que o casal me convença o porquê de serem shippados, saindo de um ponto de partida. A observação, o tempo, a tensão e a química sexual entre eles demonstrarão se um relacionamento improvável é provável e tem força própria, independente da nossa aprovação e talento como cupido. As possibilidades afetivas são inúmeras.
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