terça-feira, 22 de outubro de 2019

Caso "Luriany" (Parte 1) - Preâmbulo




📌Antes de dar a minha singela opinião sobre o caso em questão, é preciso fazer uma crítica à audiência, ao perfil de "hiena" do telespectador/internauta que comete excessos nas redes socais em nome da sua "torcida" para quem deve ser o próximo milionário(a) na Fazenda 11. Então, analisemos:






Hoje no Brasil, quando se trata do universo dos Realities Shows na TV, todo mundo (ou boa parte da audiência), sente-se no direito de julgar os comportamentos (afinal, a matéria-prima do jogo está aí) e supostamente com sensatez e conhecimento de causa do quê e/ou de quem estão criticando. Quem não gostaria de "brincar de Deus" por um momento, mesmo via reality e julgando meros mortais a partir das suas ações/reações e as consequências delas e ainda mais controlando o destino dos outros, dos peões desse tabuleiro virtual/televisivo. Assim, qualquer um, amparado pela distância física, a frieza da tela e o anonimato entre quem julga (algoz) e quem é julgado (vítima), sente-se confortável em opinar, vomitando as suas regras, verdades e "achismos" como se fossem fatos incontestáveis e servissem de manuais de conduta que devem ser seguidos à risca. Baseados concretamente em quê mesmo?!!! A hipocrisia e o falso moralismo do brasileiro não tem limites, dando poder aqueles que "façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço" ou distante dos olhos e da curiosidade alheia fazem igual ou até o pior daquilo que costumam a criticar - a cara nem treme. Muita teoria, muito blá blá blá desnecessário, muito dramalhão e, muito pouca ou quase nenhuma experiência de vida e empatia à dor e ao dilema alheio. 

Logo, os algozes do Brasil, supostamente com constância e equilíbrio emocional para fazer juízo de valor, detentores de uma postura honesta, ética e moral, donos de uma sabedoria e experiência de vida invejável (muitas vezes ainda com ar pueril, com espinhas na testa e mal deixou os cueiros e as fraldas) e imunes ao erro, são tão perfeitos que estão apitos à julgar os outros, dentro e fora do jogo, apontando os dedos na cara e dando a sentença sumária de culpabilidade e/ou inocência. E se culpado for, por conveniência ou não querer dar o braço torcer, "passar o pano" tá valendo também. Ironicamente, via a perfeição dos que não tem - seja como juiz(a) ou julgado(a). E assim, em jogos de análise comportamental, seja opinando nas redes sociais ou numa conversação entre amigos, escrachar e ridicularizar o outro não é dar uma mera opinião, partindo do princípio de livre expressão, mas tentar normalizar a narrativa de ódio, destilando o seu veneno, recalque e rancor de maneira gratuita e permissiva, como também exercitar o sadismo e a violência (mesmo que não chegue as vias de fato, ultrapassando os limites da violência física) que está dentro de você. 

Quando uma nova temporada de reality começa, tipo o BBB e a Fazenda, todo mundo é um "santo", torna-se um "exemplo de comportamento" a ser seguido (ou não). Hum, sei. Quando a gorjeta é demais,... 

Nesse contexto, um jogo de entretenimento que deveria ser simplesmente um passatempo divertido e inofensivo, torna-se um ringue de luta, um campo de batalha, fandoms guerreando entre si. Assim, reality atrás de reality, a cada nova temporada, a audiência vem adotando um comportamento tão tóxico tanto quanto vem acumulando o lixo emocional dentro de si:

I-) Refletindo basicamente através da sua realidade comum e corrente, das suas próprias experiências de vida, onde nem sempre conseguem abraçar a complexidade da vida e a visão do todo;

II-) Muitas vezes, exercitando a análise de uma situação complexa a partir de um julgamento simplório, baseado em argumentos frágeis e nas aparências, como se não houvesse um contexto mais amplo que precisaria ser considerado, indo além de uma ponderação que se limite à estabelecer se isso ou aquilo é "certo" ou "errado" conforme a sua limitada visão;

III-) Dando vazão ao seu lado nebuloso e obscuro, baseado no discurso de ódio, frustração, fel emocional, preconceito e ignorância, sem o menor pudor de atacar os outros (seus oponentes, inimigos e rivais de jogo) nas redes sociais, muitas vezes sem se importar com a veracidade dos fatos e baseando-se em fake news, e também pouco se importa com a saúde emocional e a reputação/credibilidade do seu alvo de ataque;

IV-) Alimentando um rede de calúnias e difamações.


Enfim, a audiência se tornou um público de "hienas" que estão sedentas por conflitos, brigas e barracos, ávidas por consumir discórdia. Ter treta é essencial, pois é isso que entretém esse tipo de público e se converteu no principal ingrediente para se medir o interesse e os autos índices de IBOPE de um reality show televisivo. 

A audiência está cada vez mais tóxica, mais disposta ao escárnio público, mais intolerante aos erros, diferenças e imperfeições dos outros, mais fragilizada quando suas vontades não são atendidas e se depara com as suas próprias frustrações -sobretudo quando as situações não acontecem da maneira como foi idealizada, fugindo do seu controle (bem típico à postura de criança birrenta, mimada e sem limites) e provocando estado de revolta e indignação. 

Não basta apenas criticar os participantes dos realities ou pontuar o seu ponto de vista sobre algum fato/situação ou falha acontecida na dinâmica do programa, assim como hienas, o público quer "devorar" a sua presa, o bando todo em qual ela pertence, e destruí-la moralmente e expulsá-la do jogo, bem diante aos olhos daqueles que a acolhem e torcem para ela(e) como seu(ua) participante favorito(a). 

Insultos, ameaças, mentiras (tornando-se em verdades através da disseminação das fakes news), más interpretações das mensagens e das situações (propiciadas pelo analfabetismo funcional e ignorância), calúnias e difamações (promovidas irresponsavelmente), ciberbullying, embates ideológicos e partidários, sinais de intolerância e preconceito estão constantemente presentes nos perfis e nas mensagens de ataque e defesa direcionados em prol aos seus favoritos e contra aos seus oponentes/rivais. Há uma cólera generalizada nas redes sociais, tornando-se o principal palco e plataforma de repercussão e exposição de julgamento. A histeria coletiva, a truculência do debate (melhor, da IMPOSIÇÃO da sua vontade e dos seus achismos - que não podem ser contrariados) e os confrontos de ideias e conceitos acontecem aí.


Dito isso, após essa crítica/análise necessária, vamos ao Caso "Luriany" propriamente mencionado no título. Próxima postagem, avante.   

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