quinta-feira, 24 de abril de 2008

A Magia sob a Ótica Weberiana


Para quem não ouviu falar sobre Max Weber, não se preocupe, eu o apresento:

- “Weber é um dos expoentes teóricos da tríade sociológica clássica (Marx, Durkheim e Weber), um estudioso sobre a sociedade moderna e a religião, principalmente a protestante. Suas duas obras mais conhecidas, que se transformaram em pressupostos teóricos para as Ciências Sociais são: “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, onde a religião protestante contribuiu para que o capitalismo se desenvolvesse através da ação científica e racional e da ética moral, baseadas na valorização do lucro e da vocação ao capital, e a “Economia e Religião”, onde ele apresentou os tipos de relações coletivas religiosas, dentre elas as práticas mágicas”.


Diferentemente de Durkheim, que buscava excluir a influência da magia e do sobrenatural da essência religiosa, Weber acreditava que não era possível excluir a magia da ação e do pensamento religioso, pois ela está incluída nesse mundo terreno e cotidiano, dando uma maior compreensão sobre a realidade humana, apesar de ser uma manifestação irracional e manipulativa dos espíritos, das almas e dos deuses.

Para Weber, o mago é o primeiro profissional carismático (comparado à figura do empresário) que se utiliza do seu dom, do seu carisma, para entrar em contato com as divindades (espíritos, almas e deuses), provocando êxtase religioso em seus “clientes” (leigos) no decorrer das orgias rituais. Através do seu poder carismático e das suas práticas mágicas, o mago manipula as divindades, buscando atender as necessidades materiais e subjetivas dos seus clientes. A relação entre o mago e as divindades é mediada através da coação dos espíritos, das almas e dos deuses em favor dos interesses humanos e econômicos.

Assim, a mediação mágica ocorre através dos símbolos que irão exteriorizar o poder do mago, aquele que conhece os caminhos e as práticas mágicas necessárias para coagir e constranger as divindades, dando um sentido palpável às forças extracotidianas, extraordinárias, embasado na sua racionalidade material e no saber mágico e esotérico (não acessível a todos).

Nesse sentido, o mago é dotado do seu carisma mágico (pessoal), estando apto a mediar à relação entre o sagrado e o profano através do ritual mágico manipulativo, coagindo os espíritos e os deuses e tendo a obrigação de atender os desejos, as necessidades e as expectativas do seu cliente, caso contrário, a sua capacidade mágica é posta à prova, desacreditada. A magia atinge a dimensão imediata e cotidiana da realidade humana, sem ser regida por uma ética.

Apesar da perseguição religiosa e a falta de legitimidade estatal, ainda presentes no século XXI, a magia continua existindo no decorrer dos séculos, assumindo novas vertentes mágicas e agregando novos adeptos, como também, o mago ou bruxo continua satisfazendo os desejos, as necessidades e as expectativas dos seus “clientes” (os fiéis, os wiccanos), sejam pessoais ou econômicas, porque eles acreditam no seu poder e carisma mágico e na manipulação do sagrado em prol do bem-estar humano, sem se preocupar em transformar a sociedade.

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