Quando a gente sai de casa e muda de cidade, deixando uma vida para trás como eu fiz, em busca de um sentido, sentido esse que pode ser ou não o original, principalmente, em horas intimistas, você percebe que ser dono da própria vida tem prós e contras, inúmeros “ses” e momentos de “com” ou “sem” ou “ambos”.
Momento “Com”: Quando eu estava em Fortaleza, vivendo a minha vidinha pacata e insossa, acomodado em meio familiar, houve muitos momentos em que eu queria estar alheio daquele intenso e extensivo convívio familiar, simplesmente, para eu poder ser eu mesmo, sem precisar dar satisfação da minha vida (algo que eu sempre fiz questão de não fazer, por querer cortar o cordão umbilical) e preservar um pouco da minha individualidade. O “com” é tão sufocante, que o que você mais quer é ter o “sem”, ganhar o mundo e ser o dono do próprio nariz. O excesso de convívio familiar implica numa série de conflitos que deflagram a dialética entre individualidade versus coletividade – a sua luta contra o Golias, querendo se sobressair na multidão.
- “Mal eu sabia, que ganhando o mundo, em prol do “sem”, eu sentiria falta do “com”. A falta da segurança de estar entre os seus, de uma vida toda, de se sentir ausente da sua família, mesmo tendo enfrentado conflitos e batalhas familiares.”
Momento “Sem”: Estando
- “Neste momento, você faz a sua trajetória passo a passo, tendo a única certeza de que o futuro é incerto e de que o amanhã só é o amanhã, quando ele chega. E, para isso, é fundamental que você tenha jogo de cintura, flexibilidade e lucidez, como também, construir relações baseadas na afetividade, para sobreviver aos momentos difíceis quando eles chegarem. Ninguém voa ou alcança as nuvens, sem enfrentar uma turbulência sequer – mais cedo ou mais tarde, ela chegará.”
Momento “AMBOS”: É o conflito entre o “com” e o “sem”. É o contra-senso de querer ambos. De querer ser o “sem”, ser autônomo, andar com as próprias pernas, mas, não querer abrir mão do “com”, das suas raízes. É quando a solidão e o medo do fracasso batem a sua porta, em momentos de íntima instabilidade, e você se sente sozinho, sem ter o suporte que você sempre teve, bom e/ou mal, sempre esteve ali com você, principalmente em momentos difíceis.
- “Sinto que eu estou tateando no escuro sozinho, no meu momento “sem”, sem lanterna nenhuma. Não se trata de ter medo do escuro, algo que eu nunca tive, mas, sentir falta do “com”, da segurança de ter alguém de fato que lhe estenda a mão quando você mais precisar. Ser seu ponto de equilíbrio para andar na corda bamba, sobretudo quando ela estiver pendendo de um lado para o outro.”
Indubitavelmente, nesse momento de transição, ter amigos ao meu lado, está fazendo toda a diferença, tornando o caminhar mais ameno, já que a minha família está longe e não pode dar o mais importante, o colo familiar, nem tão pouco, o suporte financeiro que eu estou acostumado a ter. Mas, sinceramente, o que mais está me fazendo falta é a segurança afetiva e o aconchego familiar que dinheiro nenhum pode comprar – porque, estando com dinheiro ou sem dinheiro, a primeira família permanece ali, como sempre esteve, pelo menos a minha.
- “Preocupações a parte, no pior das hipóteses, eu ainda tenho um “com” e um lugar para voltar. E aqueles que não possuem como fazem?!!!”
Um comentário:
Danzinho saudade roxa de ti!
Esse foi de longe o post que eu mais gostei de ler seu,adorei mesmo.
Mas dê tempo ao tempo que tudo se resolverá e onde vc está hoje vc só pode andar pra frente,pq como diz o ditado atrás vem gente!
Torço muito por vc e se um dia voltar pra Fortal será recebido de braços abertos,só torço pra vc vir com seu diploma de Mestre.Um grande beijo!
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