quarta-feira, 2 de abril de 2008

Eles morrem, VOCÊ MATA!!!




Domingão ensolarado e eu de bobeira no 15º andar, tomando um café extra-fortecom uma colherinha de requeijão “light”, escutando Pitty e pensando na vida, evitando o tédio pós-almoço, a fadiga e querendo sentir aquele aroma de café ao meu redor, espalhado em cada compartimento do apto – da cozinha ao meu quarto. E surgiu o seguinte título para “bloggar”: “Eles morrem, você mata!!!”


- “Take easy, my people!!! I don’t serial killer!!! Rs… Só me lembrei do título de um livro que eu li da coleção da Ed. Moderna, na época do colégio, para as tradicionais fichas de leitura – É o novo!!! ”


Na época eu li, mas, não entendi muito bem a mensagem que ele queria retratar. Talvez, porque ainda não estava preparado para refletir sobre. Quando se é muito jovenzinho, retrogrado e alienado, falta maturidade para tal e ver a vida sobre um outro prisma – mais adulto, naturalmente.

Hoje, após, certa quilometragem de vida, de caminhada, de erros e de aprendizagens, esse título me remete a questão simbólica e subjetiva que carregamos com a gente – Simplesmente, os significados que atribuímos às coisas, às pessoas, às situações e às relações. “Capiche”?!!! E, indubitavelmente, em alguns momentos da minha vida existencial, entre tantos altos e baixos afetivos – uma verdadeira montanha russa; eu precisei matar simbolicamente algumas pessoas dentro de mim e ao meu redor.

Mas, naturalmente, que o assassinato simbólico delas não foi realmente eficaz, já que algumas “personas”, que foram marcantes, isso não posso negar, conseguiram atingir a esfera do infinito, quase que inesquecíveis, embora com o tempo, não tenham mais o efeito devastador de mecher comigo e os meus sentimentos . Já aquelas que atingiram o patamar de ínfimo, desprezível, nós reduziremos ao “Princípio da Insignificância” – uma vez que são insignificantes e indiferentes quanto à importância e servem de puro e delicioso deboche. Mas, deixarei cada um dos meus “ghosts” quietinhos, em seus devidos lugares, pois, eu não vim aqui para fazer uma sessão de “mesa branca” ou do “jogo do copo”. Mas, refletir um pouco das mortes simbólicas que fazemos no decorrer das nossas vidas.

- “Tempo, pausa merecida para um intervalo básico, porque eu vou ali, viver um pouco desse domingo, buscar outros estímulos para sorrir e limpar a minha pupila com colírios interessantes, “understand, my friends”?!!! Assim, realmente espero!!!” rs...


Retomando, a reflexão, após algumas “Originais”, alguns colírios e terapia de bar, com direito a um “top remember” de quem ainda continua presente dentro de mim, mas que não deveria estar, continuaremos ao que interessa...

Nessa ruptura simbólica, para aqueles(as) que já estão “mortos(as)”, seja por falta de afinidade, desinteresse mútuo, brigas, rompimentos ou traições, a tendência é que matamos a importância e a presença deles em nossas vidas todos os dias – alguns demoram mais, outros menos, dependendo da importância que cada um tem. O luto é um processo individual e variável, pois, cada um tem a sua dinâmica para esquecer e o tempo determinado para sofrer, buscando a autodefesa.
- “E, querendo ou não, a vida foi me ensinando a “matar” todos aqueles que foram grandes e irremediáveis decepções para mim – algumas delas já esperadas, outras não; algumas dolorosas, outras não; algumas significativas, outras não – sem grandes culpas ou arrependimentos e a lidar com esses lutos de uma forma racional e, até rápida e bem resolvida, em alguns casos – sem dores e sem sofrimentos. Mas, que tiveram toda a razão de ser, para hoje, elas estarem fora da minha vida.”


Já precisei “matar” por diferentes motivos, com diferentes intensidades:
1. Por desilusão amorosa, por perceber que eu idealizei demais, criando um perfil e um significado que só existia na minha cabeça – a paixão e o encantamento fazem essas coisas, nos levando a atribuir qualidades e encantos, que muitas vezes, o objeto do nosso desejo não possui ou sermos complacentes com os defeitos alheios;
2. Por falta de afinidades e sintonia, devido à ausência de empatia e sinergia;
3. Por atritos, que não conseguiram ser conciliados ou superados;
4. Por falta de consideração e lealdade, considerando que nem sempre, a consideração dada será retribuída e a lealdade é recíproca;
5. Por falsidade, pois, infelizmente, ninguém está livre de ser apunhalado pelas costas, sobretudo por pessoas sem caráter – covardes, invejosas, mesquinhas e dissimuladas;
6. Por mero e simples desinteresse, porque, quando as pessoas mudam, os interesses e os interesses também mudam – alguns avançam, outros estagnam e outros retrocedem;
7. Porque nos perdemos no meio do caminho, uma vez que os caminhos tomam direções diferentes;
8. Porque seria conveniente “matar”, para evitar dor e sofrimento.
E assim, vamos matando algumas pessoas na nossa vida. Existem motivos e motivos, escolhas e escolhas, circunstâncias e circunstâncias.

- “No meu caso, quem foi, dificilmente voltará, seja por orgulho ferido ou pela minha dificuldade de perdoar, porque eu não sou santo e nem tenho a suficiente disponibilidade e resignação para perdoar ou porque o cristal foi trincado, e, consequentemente quebrado, sem ter condições de ser colado, refeito. “Well, it's me”. “All right, baby”?!!!”


Não há aquele que não tenha matado, inconscientemente, seus heróis, seus ídolos, seus modelos e padrões, sua fé, suas verdades e suas paixões. Paradigmas são quebrados todos os dias e, só dessa forma, temos a maleabilidade de crescer, aprender e se transformar. Quem não quebra paradigmas, não se permite ao novo. Continuará refém do medo e das próprias frustrações e preso ao jeito provinciano de ser, amargando uma vida sem graça, sem emoções e sem prazeres, por não ter tido, ao menos, a coragem e a ousadia de se permitir a possibilidade da tentativa – tentar ainda é válido, quando se está escravizado pela estagnação, pela mesmice, pelo tédio de ser o que se é ou levar a vida que se leva.

- “Opa!!! Eu não estou fazendo a apologia da chacina coletiva ou do homicídio concreto, mas, alertando para a desconstrução simbólica que fazemos durante a vida, fruto das nossas escolhas, lições, decepções e frustrações. E, se algum momento, precisamos matar alguém, em boa parte, por nossa culpa, por termos idealizado ou idolatrado o outro, por termos esperado demais atitudes e sensações que, no fundo, seriam nossas respostas. Isso nada mais é do que a morte e o luto dos nossos mecanismos psicológicos e emocionais e a resposta que desafia e fere o nosso ego.”

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"As lágrimas não reparam os erros!!!"

The Verve - Bitter Sweet Symphony (with lyrics)

♫ Pitty - Na sua estante

"Eu não ficaria bem na sua estante..."