O ponto de partida é você!!!

Na falta de tu, vai tu mesmo?!!! Como assim?!!!

É engraçado e triste ao mesmo tempo constatar, como vem crescendo o numéro de indivíduos que preferem optar pelas saídas mais rápidas e fáceis para driblar a solidão, onde corre-se o risco de escorregar e passar deliberada e vergonhosamente da linha do bom senso e da liberdade para a linha da falta de noção e da libertinagem, separada-as por um limite muito tênue, pagando o alto preço da degradação e da perda de si mesmo. Seja por descrença nas relações humanas ou desilusão amorosa ou baixa auto-estima ou porquê perdeu quaisquer pudores com o decorrer do tempo ou existe um sentimento de vingança por todo o mal que lhe foi causado, algumas pessoas trazem consigo feridas e dores abertas em suas subjetividades, em alguns casos jamais cicatrizadas, e arranhões em suas almas.

Assim, há quem tope qualquer parada, tornando-se um mero objeto sexual ou um ser descartável (descartando e/ou descartado), atuando através cinco (7) posturas:

1. "Anjo(a) Pornográfico(a)" - Age como um personagem rodriguiano, essencialmente voluptuoso, carnal e sedutor, porque a sua essência é livre de qualquer conduta moral, apesar dos seus próprios conflitos internos, e pede por emoções fortes e calientes, deflorando o seu lado mais desavergonhado, erótico e amoral. Vive entre os pecados e as tentações, muito mais disponível do que restrito à eles, em controvérsias entre a postura recatada e a devassa. Trata-se de um questão intrínsica, característica pessoal, e não por revide ao próximo;

2. "Sexy machine" - Age em suas relações afetivas e pessoais sem se preocupar com os seus sentimentos e o seu coração, vivendo em função do "sexo pelo sexo" e do prazer fulgaz, promíscuo e descompromissado (Mas, nós sabemos que lá no fundo, bem no fundo, quando ele(a) recupera os sentidos, mesmo por poucos segundos que seja, a depressão o(a) engole como se fosse uma onda hawaiiana). Geralmente, motivado(a) por fortes desilusões e frustrações amorosas;

3. "Inconstante afetivo(a)" - Age sem construir relações sólidas e duradoras por ser afetivamente instável, seja porque nunca está satisfeito com o(a) parceiro(a) que está se relacionando, por não conseguir suprir as suas lacunas, necessidades e exigências (talvez nem o ser idealizado desse conta dessa demanda existencial), ou por medo de se envolver e sofrer novamente (o reflexo das suas inseguranças). A sua exigência está na qualidade e na perfeição;

4. "Catador(a) de papel na ventania" - Age se relacionando compulsivamente com todas as pessoas que vão surgindo na sua vida, sem ter qualquer critério estabelecido e vivendo em função da quantidade. Também é movido pela insatisfação;

5. "Dependente afetivo(a)" - Age porquê precisa de amparos e muletas pessoais para se sentir completo(a). Ele(a) nunca conseguirá se bastar, porque não consegue perceber como responsável de si mesmo, imputando e transferido essa responabilidade para o outro. O poder afetivo está nas mãos do(a) seu(ua) parceiro(a);

6. "Caridoso(a) afetivo(a)" - Age impulsionado(a) pela caridade afetiva, envolvendo-se profundamente, muitas vezes até querendo que dê certo a relação, seja por não se ache suficientemente interessante e/ou capaz para ser admirado(a) e gostado(a) pelo outro(a) ou porque possui um sentimento de dó e de compaixão pelo outro. Trata-se de um(a) carente em potencial;

7. "Subserviente" - Age como escravo(a) e submisso(a) do outro, sempre em função do outro, realizando todas as vontades dele(a), muitas vezes sem questionar ou de maneira contrariada, por simples paura ou pavor de ser abandonado(a). Acabam-se abandonando (seus sonhos, gostos, vontades, projetos e comodidade) para satisfazer o outro.

Independente destas posturas, em algum momento da nossa vida afetiva, cada um de nós já se enquadrou num desses perfis. É claro, que de alguma forma, esses tipos de comportamento foram gerado por desilusões e conflitos afetivos e acabam nos gerando abalos pessoais e subjetivos, nos distanciando de nós mesmos, seja nos tornando frios em relação aos nossos sentimentos, tornando-nos robozinhos sem coração para evitar qualquer sofrimento, ou aos sentimentos alheios, tornando-os insensíveis com a dor do outro e das nossas responsabilidades em causar tais sofrimentos, ou nos deixando completamente a mercê das ações, vontades e omissões do outro.

Quando se entra num jogo equivocado e perigoso assim, mediado pela fogueira das vaidades e pela relação de poder (quem está no comando é o forte e quem obedece é o fraco), sofrer e causar sofrimentos são atribuições presentes para se relacionar e fugir da solidão, não tendo como se livrar desses componentes. Então, sofre-se por sofrer e fazer o outro sofrer, mesmo que você acabe esquecendo que é um ser sofrível em potencial, como também, você está sozinho de ambas as formas, seja porque você se distanciou de si mesmo (a pior solidão que se pode existir) ou pode estar se sentindo sozinho mesmo estando acompanhado (solidão a dois).

Isso eu quero dizer que: "Você jamais conseguirá fugir das suas próprias questões, dilemas, lacunas, necessidades e dores pessoais (nem adianta imputar essas responsabilidades à outro, já que se tratá dos seus aspectos pessoais que somente você poderá solucioná-los e mais ninguém) e, mais cedo ou mais tarde, será preciso que você aprenda a lidar com a sua solidão, considerando que, você sempre estará acompanhado dela na maior parte da sua trajetória e, querendo ou não, é fundamental você gostar da sua própria companhia".

Quando você está em si mesmo, onde os seus valores, crenças, convicções e amor próprio foram resgatados, não é preciso que você se coloque em situações degradantes que lhe depreciam profundamente e atingem a sua essência. Não é preciso pagar qualquer preço, monetário ou não, para se estar com alguém, porém, isso só será uma realidade, se você tiver a seguinte consciência: "Concretamente, você só tem a si mesmo e precisa se amar e respeitar, assim, haverá também quem irá reconhecer o seu devido valor".

Cair no populacho, "Se não tem tu, vai tu mesmo" é abrir mão de quem você é, abrindo mão dos seus sonhos, desejos e valores, para se submeter e frustrar com tudo aquilo que não lhe representa, então, seja muito mais você, mesmo que a solidão seja a sua melhor companhia. Tudo partirá de você. Você é o seu ponto de partida até para ser descoberto e amado por alguém, que não será o seu tudo, mas, o seu complemento.