domingo, 1 de dezembro de 2019

Não julgueis levianamente... (Autoreflexão sobre o caso Luriany)





Após levantarem as tags "LUCAS VIANA ABUSADOR", "NÃO É NÃO", "FOI ASSÉDIO SIM", "RECORD ACOBERTA ASSÉDIO", #OAssédio11 e outras no Twitter - Movimento do qual eu participei por identificar aspectos abusivos presentes na relação "Luriany" e reproduzidos de ambas as partes (tanto por parte do Lucas quanto da Hariany) e compreender que o relacionamento tóxico e abusivo é um fenômeno social muito mais comum e frequente nos lares brasileiros e fora dele, sendo um comportamento arraigado na nossa cultura machista e ainda aceito e/ou não percebido por quem sofre e reproduz o abuso e inconcebivelmente defendido por parte de alguns internautas e espectadores de Reality Shows, eu parei para refletir se eu tinha o direito de me posicionar dessa maneira, confrontando a imagem e as atitudes do rapaz e colocando a toxidade do relacionamento do casal na berlinda, e, principalmente, se a minha concepção de espectador é mais relevante do que a da suposta "vitima" em definir se foi abuso ou não. 

Se eu for buscar na minha memória afetiva, em meus relacionamentos, eu nunca cruzei os limites que não me fossem autorizados à serem cruzados, logo, por não concordar com algumas atitudes do Lucas, principalmente aquelas que oprimem e não respeitam as ações, escolhas e os pensamentos da Hariany, eu não teria porquê defendê-lo diante dos erros dele (os que eu considero como erros) e nem passar pano. Uma coisa é, por empatia, eu me colocar na situação dela. Se fosse comigo, se as atitudes dele acontecessem comigo, indiscutivelmente eu consideraria como assédio e bateria o sino - coisa que ela não fez.

Aí está o ponto onde eu queria chegar. Independente da minha opinião e do conceito que eu tenho com relação às ações dele para com ela, se a própria não se sentiu invadida e importunada ao ponto de "bater o sino" e fazer uma denuncia formal contra ele à direção do programa, seja porquê ela goste dele e por afeto não tenha querido prejudicá-lo dentro do jogo ou porquê ela não tenha identificado essa atitude como abuso, será que eu tinha o direito como terceira pessoa (mero observador dos fatos) sair em defesa dela?!!! O fato é que ela não percebeu gravidade nisso como eu percebi ou, se ela viu, tratou de evitar maiores polêmicas - mas, putz foi filmado e transmitido para quem quisesse assistir no Play Plus (canal pago da Record). 

Pensando, pensando, pensando na minha conduta... eu percebi que o limite que divide o que é abuso ou não e o define como tal, está intimamente ligado a percepção de quem sofre a ação, a suposta vítima. Se a Hari não se sentiu nessa condição de vítima "abusada" e nem se incomodou com o comportamento do Lucas ter chegado sorrateiramente na beira da sua cama, apalpando-a mesmo ela estando sob efeito de álcool e dizendo "NÃO" para ele parar apesar da insistência dele por alguns minutos (depois recuou), quem sou eu para tomar as dores dela?!!! Ninguém. Nesse caso, em específico, não adianta a minha indignação diante a cena, mas, como ela se sentiu. Se ela não se sentiu abusada, não houve abuso.  

Partindo desse pressuposto de que não houve abuso de acordo com o critério dela, que o exemplo acontecido e a repercussão disso sirva de alerta para como os casais estão conduzindo os seus relacionamentos, se eles não estão estão reproduzindo atitudes tóxicas e abusivas, e o cuidado que devemos ter em participar de mobilizações que podem manchar a imagem e a reputação de alguém - e nesse ponto, desde já, me policiarei ainda mais com a minha sede de justiça para não cometer injustiças e também considerar que existem outras pessoas envolvidas mediante aos escândalos, como as famílias dos envolvidos. No ímpeto fui completamente solidário à família da Hariany e esqueci que também havia a família do Lucas, uma mãe aflita do outro lado - desculpe-me pela minha insensibilidade naquele momento. 

O rótulo de "abusador" e ação de taxar alguém disso é algo pesado, obscuro e grave para ser jogado irresponsavelmente ao vento, seja por quem for, ainda mais num jogo de realidade e nas mídia em geral e nas redes sociais, ainda mais para quem está sendo exposto a esse tipo de acusação por uma segunda vez. O estigma pode destruir imagens, carreiras e vidas e, eu não quero participar e compactuar com atos levianos. Apesar da minha concepção, ainda bem que existem outras esferas acima de mim que podem julgar com mais clareza e legalmente. 

Tudo indica que não passou de histeria virtual entre fandoms rivais. E, segundo o casal protagonista e a direção da Record e da Fazenda 11: é jogo que segue... Mas, acima de tudo, eu tenho o compromisso comigo mesmo e com a minha consciência.             

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"As lágrimas não reparam os erros!!!"

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