AVALANCHeeeeeeeeeee...

Uma avalanche palavrada
Envolvida pelo manto obscuro
Do que foi ocultado, represado
Invadiu a sala
Trazendo a tona
Muito mais do que palavras densas
Sujeiras escondidas debaixo do tapete

Ouvi, rebati
Constestei, palavrei
Senti-me invadido
Fui julgado, execrado na arena
Mas, mais uma vez
Eu estava ali
Sem máscaras, sem embustes

Avalanche desnecessária
Descompassada, ofegante
Contraditória
Não precisa ter sido da forma como foi
Se tivesse havido diálogo, desde o princípio
Abertura sempre houve
Intimidade aparentemente existia
Já outros aspectos:
Eu já não sei mais...

Após-avalanche
Silêncio constrangedor
Uma cratera abaixo dos meus pés
Pilastras de apoio, de incentivo
Não mais as tenho
Olhava o concreto pela janela
Sentindo o meu corpo inchado
Mente vazia, pensamentos brancos
Encontrava-me paralisado pela cena
Que eu havia acabado de presenciar

Não se trata de quem está
Certo ou errado
Ou distribuir as culpas
Ou quem tem a razão,
Pois, a razão depende do ponto de vista
Mas, algo muito mais importante foi perdido
Já algum tempo
Vínculos, planos em comum
Nada que eu já não soubesse ou suspeitasse
Optei em respeitar o momento de cada um

O fato é
Tempo ao tempo
Resgatar o que se pode ser resgatado
E continuar o caminho
Seja lá qual ele for

(Daniel Igor, 09/08/2008)