A situação precária e desumana da Ilha de Marajó é tão enraizada, grave e insalubre, onde a sua problemática social já vem sido protelada e potencializada durante décadas, pois a sua carência não é apenas econômica e de infraestrutura. Lá, SOBREVIVER mesmo sem dignidade é a necessidade que está na pauta do dia e, em busca dessa sobrevivência, as questões éticas e morais ficam esquecidas. O que aos nossos olhos é a normalização do grotesco e do absurdo, para os marajoensis virou um hábito social e cultural, uma luta pela sobrevivência.
Na Ilha de Marajó, questões importantes que ferem à integridade física, a dignidade humana e o Direito das Crianças, tais como abuso sexual e prostituição infantil, tráfico de órgãos e tráfico de crianças, violência familiar e infantil, gravidez precoce na adolescência, mutilações físicas, emocionais e espirituais e outras mazelas que roubam a infância e a inocência de tantas crianças ribeirinhas e residentes na ilha.
Esse é o horror diário e usual com que a Ilha de Marajó se depara, onde, o alcance do Poder Público e do Governo não chega e, quando chega, quando se compadecem desse retrato social desumano e miserável, não atua, porquê alguns políticos locais também fazem parte dessa dessa engrenagem de degradação. Assim como, a população em geral fecha os seus olhos e se silencia, fingindo que não sabem o que está acontecendo ali.
Temos uma dupla omissão: De um lado, a política; do outro, a sociedade civil. Nesse contexto de descaso e desamparo, como os moradores da Ilha de Marajó poderiam fugir desse ciclo vicioso?!!! Governos vem e vão, os mandatos políticos são renovados e substituídos, mas, as demandas e urgências da Ilha de Marajó continuam "invisíveis".
Diante à esse escândalo social, não basta apenas fazer barulho e se indignar, é preciso agir: Exigindo do atual Governo e dos futuros que intervenham na vida desses brasileiros que vivem em situações precárias e de risco e à margem dos seus direitos e da sua cidadania, pondo em prática todas as políticas públicas necessárias para mudar essa realidade social; e a Sociedade Civil também precisa se envolver realizando campanhas de conscientização e ações solidárias para minimizar os efeitos da pobreza local onde vivem, além de fiscalizar as ações políticas.
Fazendo um recorte social do Brasil, onde a Desigualdade Social nos propiciam tantas e diferentes vergonhas, demandas e desafios, onde, eu duvido muito o que esteja acontecendo na Ilha de Marajó seja apenas um episódio isolado. Quantas outras "ilhas de marajós" estão vivendo nesta mesma situação ou em piores condições e estão espalhadas em locais precários, distantes e esquecidos das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil?!!!
Infelizmente, a Ilha de Marajó é apenas o retrato social do nosso país, expondo a incompetência, o descaso, a corrupção e falta de comprometimento político dos Governos Brasileiros e a apatia da Sociedade Civil, para identificar e tratar todas as nossas mazelas sociais. É mais uma mazela social brasileira.
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