Ultimamente, nunca se defendeu tanto o "relacionamento aberto" como o caminho para tentar salvar relacionamentos monogâmicos em crise e normalizar uma das fraquezas humanas e de caráter chamada infidelidade.
Eu não entrarei no mérito se "abrir" os relacionamentos é a solução adequada para dar uma longevidade às relações cansadas que já apresentam conflitos, desgastes, mágoas, insatisfações e desamor, e fazer com que uma traição doa menos do que de fato dói, por ser uma apunhalada no ego, na vaidade e na confiança de quem foi traído e afeta os alicerces de confiança e lealdade de um relacionamento. Não é que a possibilidade de uma traição ao ser discutida, ser dita e combinada como consensual, não traga culpa, decepção, frustração e indignação quando ela aconteça.
Alguns vão mencionar sentimento de posse e propriedade com relação ao outro, mero egoísmo e controle ao seu objeto de desejo, eu já citaria respeito e responsabilidade afetiva com quem você supostamente ama. Sim, "a carne é fraca", principalmente para quem não sabe lidar racionalmente e com maturidade com as suas demandas afetivas, sexuais, carências, desejos e fantasias.
Será que ao "abrir o seu relacionamento", esse ato corajoso e libertário, também irá possibilitar a sua mudança de visão e perspectiva quanto à você?!!! Tratará das suas inseguranças e carências?!!! Preencherá as suas lacunas afetivas e psicoemocionais?!!! Será que "abrir o seu relacionamento", socializar quem você ama com outras pessoas, te fará um indivíduo bem resolvido sexualmente e com a autoestima lá no céu?!!!
Ou te deixará mais paranoico, inseguro e um tanto quanto indiferente à essa permissividade toda?!!!
Eu não estaria emocionalmente preparado para dar esse passo. Primeiro, porquê o meu chip, a minha configuração emocional, se sente mais confortável com o modelo monogâmico, apesar de eu saber que é uma construção social; segundo, eu não sou tão desprendido assim, pois, eu prefiro exercer o meu desapego e a minha liberdade desfrutando da minha solteirice, sem cobranças, sem apegos e com liberdade. Se não é para estar juntos, JUNTOS, é melhor estar livre, em flor em flor.
Aos casais e trisais que são aptos ao "relacionamento aberto", eu não os julgo, nem os condeno, porquê cada um sabe das suas limitações, tolerâncias e aonde os calos apertam. Quais são as desculpas, negações, necessidades e subterfúgios que os fizeram abrir as suas relações e socializar os seus afetos, somente eles podem dizer, como também se olhar no espelho no final do dia sem culpa e sem crise e colocarem as suas cabeças em seus travesseiros e dormirem tranquilamente e com suas consciências limpas. Se esse modelo faz bem para a relação deles e consegue suprir suas necessidades físicas, emocionais, psicológicas, ideológicas e espirituais, está tudo certo.
É um direito de escolha. Abre quem quer e quem aceita as regras do jogo.
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