quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Equals (Quando ti conheci)





"Quando ti conheci" é um filme que segue a linha de raciocínio do "Ensaio sobre a cegueira", propondo uma reflexão crítica sobre a sociedade e os seus padrões e comportamentos, apesar da sua estética hitech e seu ritmo estático . É mais denso do que uma mera intensão de entreter e passar tempo.

Ele gira em torno de duas críticas sociais fundamentais: A primeira baseada na organização social norteada por rígidas regras e padrões de comportamento, onde tudo o que é diferente e questionador gera riscos e caos, colocando em perigo e em evidência a ordem social. Já a segunda, trata da impessoalidade das relações humanas, baseada na falta de contato físico e calor humano, na ausência de uma interelação afetiva e sentimental, culminando na padronização dos comportamentos. 

Nesse contexto, se houver uma relação emocional e uma aproximação mais íntima entre as pessoas refinadas numa espécie de vila, de cidade, acabam sendo consideradas "doentes" e devem ser tratadas para não contrariar os interesses e colocar em risco à segurança e saúde da coletividade. Os indivíduos tornam-se quase robôs: isolados, frios, impessoais e indiferentes às carências e as emoções dos outros. Uma lupa voltada para o comportamento virtual dos nossos dias, colocando os internautas cada vez mais isolados e distantes das relações interpessoais de contato, não vivenciando o processo de socialização em tempo real, cara a cara, ao vivo e à cores. 

O desfecho do filme é o ponto alto dessas duas críticas, usando a metáfora da "vacina" para compreender subjetivamente o término das relações, onde apesar dos sentimentos acabarem, os momentos vividos ficarão na lembrança. Também como alguns casais continuam mantendo uma relação, necessariamente não estando mais conectados emocionalmente, por amor, mas por "compromisso", obrigação. 

A falta da dinâmica no filme e a interpretação contida dos atores são propositais para plasmar o contexto em que a história é contada, justamente para captar a monotonia na vida das pessoas solitárias e que agem de maneira robotizada, rotineira, apática, sem grandes paixões - sexuais ou não. Deixo essa dica para quem se interessar por ele.     

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