Não é fugindo da sua lembrança e da sonoridade do seu nome que eu ia superar a força dos meus sentimentos. Era preciso enfrentar o problema de frente, sem máscaras ou negativas, e me confrontar. Diante desse profundo raio x de mim mesmo, eu pensei que ia te levar comigo até o fim da minha trajetória. Afinal, quem forjou a sua importância, o seu significado foi eu mesmo. Te emprestei tantas qualidades, desculpei tantos defeitos - nada grave por sinal, porém, já desculpados.
O tempo foi passando e você foi seguindo ali, até o dia que eu percebi que você não estava mais ali, dentro de mim, impregnando a minha alma e as minhas emoções. O tempo foi providencial, agiu... só restaram as boas e poucas lembranças que ainda não foram borradas. Os traços do seu rosto, o seu cheiro, o timbre da sua voz já não estão mais nítidos. Eu tenho dificuldade em lembrar de você.
O que ficou de nós dois?!!! O que não resultou. As fichas perdidas de uma aposta de azar. Mas, sem dramas e está tudo bem. Eu aceito a minha responsabilidade nesse infortúnio, sem me gerar qualquer sentimento de culpa ou mal-estar. Sinceramente, nem desconforto. Te entendo, te desculpo (se é que eu tenho algo à desculpar) e espero que você seja muito feliz com quem você escolheu.
Num primeiro momento, eu precisei racionalizar tudo o que vivemos e parar de fantasiar com o que deixamos de realizar. Eu precisei de tempo para te desmistificar. Eu precisei de tempo para não esperar por um futuro que nunca chegaria. Eu precisei de tempo para que o meu amor por você se dissipasse, transformando uma tempestade de verão em uma leve brisa de nostalgia - do mesmo jeito que vem, vai embora sem causar danos ou deixar algum vestígio da sua passagem.
Racionalizei para dar um próximo passo. Dei. Descobri em outros desejos, em outro nome, numa nova dinâmica, que... que eu estava livre para recomeçar novamente, motivado por outras batidas e calores. Mas, por outros motivos, distantes de você e que não vem ao caso nesse momento, me freei. Todavia, me bateu fundo e a partir daí me dei conta que você já estava se tornando uma doce lembrança.
Racionalizei, meu coração começou a pulsar em outra direção e?!!! Ainda precisava de um tempo para me fortalecer, para estar completamente certo de que eu não estava buscando um estepe para substituir o seu lugar e preencher o vazio que você deixou. Não queria dar um passo em falso e recair. Dá um passo à frente para ter que regressar ao ponto de partida. Ainda bem que não foi assim.
O que me deixa tranquilo é que os nossos caminhos não irão mais se cruzar - eu estou certo disso. Não haverá nenhuma tentação que me ponha à prova ou faça duvidar dos meus sentimentos por você. Aquela paixão, aquela fagulha de esperança e de fé de antes, já não existem mais. Sim, te amei bastante, mas, virou pretérito.
Se ainda estou sozinho é porquê, depois de você, eu não quis repetir o mesmo padrão. Também não surgiu mais ninguém que me enchesse os olhos e despertasse em mim o desejo de me aventurar, de me jogar no desconhecido como eu fiz contigo. Assumo todas as consequências das minhas ações, volto a repetir. Além de que eu estou seguro de que eu fiz a minha parte, mas, não deu. Nem tão pouco eu vou brigar com a vida porquê o nosso relacionamento não deu certo, até porquê não foi nem o primeiro e nem o último. Faz parte do jogo do amor: erros & acertos. Encontros vs Desencontros. Porquê isso é tão complicado?!!! É a água que sempre escorrerá entre os meus dedos.
Nada como o tempo. O maior dos clichês, porém o mais sábio e eficiente. E o que tiver de acontecer, vai acontecer ao seu tempo e sem a minha intervenção. Não vou ficar forçando uma busca, porquê quem procura acha (inclusive qualquer porcaria), e quando um novo encontro acontecer que seja espontâneo, que flua naturalmente. Se não acontecer?!!! Também estou preparado para essa possibilidade, pois ela sempre esteve contemplada nos meus planos - eu me entendo!!!
Com você eu vivi a intensidade de um sentimento e aprendi a dura e necessária lição de que: Amar apenas não basta. Um relacionamento precisa de um conjunto de fatores que na nossa época não disponhamos. Mas, o que importa é que tudo está no seu devido lugar, sem baixas ou feridos de morte.
E a vida seguiu...