O ex-jogador do Manchester United e comentarista da televisão britânica, Roy Keane, criticou as dancinhas dos brasileiros durante a vitória do Brasil sobre a Coreia do Sul, por 4 a 1, nas oitavas de final da Copa do Mundo.
Chegou a insinuar que estavam protagonizando um programa de auditório, tipo Dança dos Famosos, e que desrespeitaram os coreanos.
É um equívoco do eurocentrismo, habituado a subjugar manifestações de outras etnias.
Existe uma visão europeia que não entende a cultura brasileira, censurando a felicidade no ambiente da disputa.
Comemorar o gol dançando não é desprezo ao adversário, mas celebração do trabalho coletivo. Não tem nada a ver com o rival, e sim com a união do plantel.
Os rabugentos de plantão acreditam que dançar é perda de foco, ou ausência de disciplina.
Pelo contrário, muito antes do Carnaval, os povos indígenas dançavam para mobilizar a tribo contra inimigos externos, os povos africanos dançavam para unificar as suas forças contra invasões. É como uma marcha da vida, um reagrupamento para as batalhas, uma concentração a partir da música e da coreografia para a coesão do exército.
O que parece ser uma diversão ou uma algazarra, ou até mesmo uma provocação, é, na verdade, uma dança de guerra.
Os mesmos jogadores que concretizam a jogada ensaiada dos treinos se põem lado a lado para demonstrar cumplicidade entre eles.
Revelam uma motivação ainda maior para alcançar os resultados, firmando uma parceria e uma igualdade dentro do campo.
É uma harmonia do trabalho que culmina com a sintonia da celebração. Não estão comemorando o gol individualmente, como se fosse mérito exclusivo de quem balançou as redes. Extrapolam o egoísmo da autoria e consagram a colmeia, o formigueiro, o conjunto do time.
É um reconhecimento que não se restringe ao artilheiro. O ato valoriza ainda quem desarmou, quem fez a assistência, quem puxou a marcação para si.
A dança é dividir os louros da conquista. É também quando o craque evidencia que é parte da torcida, que é a representação da torcida no gramado.
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