terça-feira, 12 de março de 2024

E nas Trincheiras dos Amor...



 

Nem quando eu era muito novinho e inocente, sem ter experimentado os traumas e colecionado as cicatrizes que os meus equívocos (em fazer escolhas erradas ou nem eram tão erradas assim) e as frustrações que o desamor causaram em mim; ainda quando eu sonhava em viver um "grande amor", alguns amores eu vivi, mas, foram tão diferentes e distantes daquele que eu "sonhei", mesmo assim, uma coisa se manteve intacta em meus pensamentos até hoje: A consciência de que, em assuntos do coração e de relacionamentos, não adianta querer entrar no céu à força. Nada do que é forçado, tomado à força, flui como se tivesse dado ou conquistado de forma honesta e natural. Se você toma do outro aquilo que não é seu, mesmo você detendo-o em suas mãos, não implica dizer que lhe pertence, principalmente, quando se trata do coração e sentimentos dos outros.

Eu sempre soube me retirar de lugares que não eram meus, que não me correspondiam. Sempre tive muita consciência do meu espaço, ter o cuidado necessário para ser oportuno e não inapropriado, em não ser espaçoso. Nunca estive interessado em competir e entrar em guerra com os meus rivais - claro, que eu nunca fugi da luta e nem tão pouco levei desaforo para casa, eu já fui o "cão" e muito mais temperamental e vingativo do que sou hoje, mas, se a busca da glória, não era tão gloriosa assim, que sentido faria eu perder o meu tempo, a minha energia e o meu amor próprio me digladiando por quem de fato não merecia meus esforços e minha devoção?!!! Chega um dado momento em que nas trincheiras do amor, certas vitórias perdem os seus significados e não representa mais você e suas expectativas de luta e táticas, e, quando isso acontece, você precisa levantar a bandeira branca para você mesmo, por amor à você, por respeito à você, e se retirar do campo de batalha, porquê essa vitória se tornou pequena e insignificante para você.

No campo do amor, não deve e nem precisa haver trincheiras, mas, um Paradise para ser vivido e desfrutado à dois e, diante das ameaças, tentações, obstáculos e conflitos, que os dois estejam juntos, unidos por um único motivo, guiados por uma mesma estratégia para conquistarem o plano de vida em comum - se o objetivo for o mesmo. Alguns objetivos, quando não foram cumpridos, ficaram pelo meio do caminho, fosse porque os objetivos mudaram ou os caminhos se separaram ou o suposto amor acabou. Suposto, porquê eu me pergunto se eu amei mesmo e se eu fui amado da forma como eu gostaria - um dia, os sentimentos mudam e nem sempre percebemos precisamente quando a chave virou.

Disse isso, porquê quando se trata de relacionamentos, há muitas nuances, muitos fatores para serem considerados. Seja, porquê você idealizou um filme de romance, talvez, uma comédia-romântica, em sua cabeça e quer realizá-lo tal e qual, onde você escolheu quem vai contracenar ao seu lado, ou alguém lhe tocou da forma que te fez sentido e menos esperava ou você está seguindo um padrão afetivo - enfim, seja qual for as suas motivações, as suas escolhas devem ser respeitas, sejam elas corretas ou não. 

Respeitar as nossas escolhas e as dos demais é a base da diplomacia, cumplicidade, respeito mutuo, paciência, entendimento e dignidade humana. No amor, também é preciso saber findar, recuar e reconhecer quando se perde. Todas as vezes que eu perdi - todo amor que se vá, toda relação que se termine e fracasse, é uma perda, um luto, um livramento, uma nova possibilidade, mas, tem que ter hombridade, sabedoria e postura para saber perder; creio eu que fui um bom perdedor. Nunca fui de mendigar sobras de afeto ou migalhas de amor e atenção, porquê, eu sempre me coloquei em primeiro lugar, meu amor próprio (ego, SIM, mas, também uma grande dose de dignidade) nunca me permitiu me humilhar, cair sem levantar. Tem coisa mais inconveniente do que você sobrar e ocupar espaços que não lhe pertencem?!!! Que não lhe correspondem?!!! Não.

Porquê eu estou dizendo isso mesmo?!!! Aaaaah, lembrei. Nada adianta você impor as suas vontades para determinar as escolhas alheias e dirigir/controlar as suas vidas, se as suas escolhas não forem as delas também, caso não sejam, há uma rede de conflitos, insatisfações e desencontros. O oprimido, o manipulado, o submisso, o silenciado, nunca será feliz ao lado de quem lhe escraviza, de quem fere o seu direito de escolha, sua liberdade, a sua essência. Todo mundo quer ser alguém, com tudo o que isso implica, de preferência sem deixar de ser quem é.              

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