quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A fábula do "O Casamento da Dona Baratinha" e as suas versões


Quem não se lembra da fábula infantil da "Dona Baratinha"?!!!

- "Quem quer se casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?!!!"


Pois muito que bem, essa fábula é muito pertinente quando se trata da natureza humana e suas facetas, podendo ser interpretada de acordo com várias versões e perspectivas. Você escolhe a sua.

Porém, a saga afetiva de Dona Baratinha não denuncia apenas as futilidades e banalidades que permeiam as nossas relações sociais e afetivas, onde uma boa aparência e uma carteira repleta de verdinhas tornaram-se pré-requisitos essenciais. Se você tem essas duas características, que bom, você tirou a sorte grande, pois, beleza e dote ($$$$) podem ser considerados como atributos de "caráter" (money, money, money) e "personalidade" (de preferência um carro do ano, conversível e importado).

- "Como Dona Baratinha sofreu para arranjar um pretendente. Pelo menos, uma destas duas características ela tinha que ter para conquistar o bonachão Dom Ratão. Desde que o mundo é mundo, o dote sempre fez toda a diferença, sobretudo para os oportunistas e alpinistas sociais, solidificando os casamentos de arranjo, seja entre a realeza ou a burguesia".


Mas, se percebermos bem o drama de Dona Baratinha, ficando viúva antes da lua de mel e no dia do seu casamento, sim, tadinha, ela ficou viúva, virgem, rica e sozinha sem o seu "cobertor de orelha", essa fábula deixa bem evidente os riscos que envolvem os relacionamentos:


I) Os desencontros afetivos


Quantos pretendentes ficaram pelo caminho nessa busca afetiva?!!! Quantas vezes, ela foi preterida por não ser a mais bela ou porquê não se adequou as expectativas e o padrão ideal dos outros?!!! Sim, o inverso também é verdadeiro.

Infelizmente, "para se viver um grande amor é preciso aprender a lidar com os desamores". Concordo com esse pensamento, ipsi literis!!! Talvez ou por conta disso, ter apenas a vontade de se relacionar não é garantia de felicidade a dois, pois, há de se haver um ajuste, uma reciprocidade para que o casal possa caminhar juntos na mesma direção e tendo os seguintes encontros: química sexual, afinidades e cultura, planos em comum e reciprocidade nos sentimentos.

- "Há quem queira burlar esses conectores, mas, sem ele, se paga o preço da infelicidade. No caso da Dona Baratinha ela não teve nem tempo de testá-los, pois, ela estava muito mais interessada em fugir da solidão e arranjar um companheiro para se casar do que se preocupar com isso. Se o Don Ratão não tivesse morrido cozido dentro do panelão de feijoada, talvez, ela descobrisse que sem esses conectivos não daria para manter o seu relacionamento, a não ser que ela fosse muito submissa e apática, pois, eles que justificam a união. Como também, descobrisse que o seu pretendente não era o seu "grande amor". Tem mulheres que são assim mesmo: submissas, dependentes afetivamente do companheiro e com baixa auto-estima."


De toda forma, é preciso saber lidar com os desamores, por mais crueis que eles possam ser.



II) Os desfechos trágicos



Culturalmente, todo mundo é educado afetivamente para encontrar a sua cara-metade, bem aquele amor de comercial de margarina e filmes hollywoodianos, e viver uma história de amor sem fim. Se é possível ou não, "é uma questão de opinião", já diria a filósofa e roqueira Pitty. Independente da minha opinião, seria muito lindo mesmo viver um conto de fadas assim. Pena que a Dona Baratinha conheceu o desfecho trágico no dia do seu casamento.

O fato é que as relações mudam, assim como as pessoas e os seus sentimentos, pois, pensamentos, sentimentos e comportamentos se transformam com o tempo e de acordo com as nossas experiências de vida. Por isso, desfechos trágicos não acontecem apenas com a presença de fatalidades, como por exemplo a morte do noivo no dia do casamento, mas também, com as mudanças dos nossos sentimentos e a desarmonia numa relação.

Ah, quem não aceite a realidade dos fatos e queira insistir em relacionamentos fadados ao fracasso, seja por hábito (por estar vários anos numa mesma relação e já se acostumou com a rotina e o marasmo a dois) ou medo da solidão (há quem faça de tudo, tudo mesmo, até jogar a sua dignidade e amor próprio na sarjeta e no lixo, para se submeter aos caprichos do outro) ou por dependência afetiva (há quem precise de uma muleta afetiva, por ser insuficiente e incapaz de encarar a vida sozinho(a) ou lado a lado com o outro, não ficando nas costas como um peso morto a ser carregado(a), ou porquê não surgiu ninguém interessante para a substituição.

- "Eu conheço tantos casais com esse perfil. Cala-te boca!!!"



Enfim, por detrás dessa ingênua fábula infantil existem nuances importantes da natureza e do comportamento humano. Até que ponto foi não está sendo uma "Dona Baratinha" ou passou por essa fábula em algum momento?!!! Se você encontrar um Dom Ratão no seu caminho, espero que ele não morra precocemente e que os motivos que levaram vocês à união, possam ser pelos motivos que a justificam, sobretudo pautado na reciprocidade de sentimentos.

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"As lágrimas não reparam os erros!!!"

The Verve - Bitter Sweet Symphony (with lyrics)

♫ Pitty - Na sua estante

"Eu não ficaria bem na sua estante..."