quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Em detrimento do UNO


Uno, Uni, Privacidade, Integralidade, ..., todas essas formas e essêcias que denotam a individualidade, seja em sua esfera íntima ou particular ou na sua espera coletiva ou grupal, sempre se encontra em detrimento e inferiorizada para apoiar ou se submeter ao coletivo. Na verdade, são os interesses coletivos que prevalecem e são postos em primeiro lugar. A sua rejeição, indignação e revolta é una, portanto, não tem peso e nem voz, só terá se encontrar um coral.

Você?!!! Eu?!!! Unos em nossa existência, pouco importamos, pois como unos não somos nada e ainda somos considerados como um risco eminente para a ordem coletiva. O diferente torna-se interessante para que e para quem?!!! Se afronta o interesse do todo, é reprimido e excessivamente aniquilado. Se interessa, vamos corrompê-lo, assim, é uma maneira de integrá-lo a massa, ao todo. No caso da sua insignificância, ignore-o, deixe-o de lado, afinal de contas, um uno insignificante, sempre será insignificante mesmo, né?!!! Deixe-o na invisibilidade.

A diferença incomoda tanto porquê ela é una. E se una, não interessa ao coletivo. Caso ela se propague, de una passa a dual, depois a trio e, matematicamente falando, pode alcançar a condição de conjunto expressivo - Grupos de unos, grupos de pares, grupos de pensamentos, sentimentos e afinidades. Perigoso, não?!!! Cuidado com o interesse e a ordem daquele coletivo que se sentir ameaçado.

Filosoficamente, a vida, a humanidade, a ordem das coisas, o todo e tudo, estão organizados em sistemas e não em unicidades. O Uno por si só é nulo, pois a sua validade se justifica se estiver interligado ao outro: Uno + Uno; Uno + Coletivo; Uno + Sistema. Apenas UNO, por definição anula-se em si mesmo.

E por falar em si mesmo, até as nossas angustias unas, íntimas e pessoais, sempre refletem uma questão coletiva, seja de pertencimento ou não pertencimento. Já prestou atenção?!!! Até o nosso egoísmo, a expressão máxima da nossa individualidade, reflete a ausência do coletivo, seja em qual símbolo ele se faça representar.

Até o exagero, o complexo, o barulho e o excesso se fazem melhor representar e perceber do que o contido, o simples, o silêncio e o na medida. Nada mais é do que o coletivo ecoando... Até o eco se propaga muitas vezes, em coletivo. E para completar, até quando nos voltamos para dentro de nós, para nos percebermos o nosso universo uno, logo depois, nos voltamos para o coletivo, à tudo que nos rodeia.

Tudo nos leva a crer que o uno não se mantém como uno, sempre precisando do outro.

Se existisse apenas o 1, ele se estagnaria em si mesmo. Até o uno precisa de sequência para existir enquanto uno e integrante do todo.

O que seria o Planeta Terra sem o sistema solar?!!!

O amor só se justifica se for a 2, há quem diga que é a três, a quatro, a poli, ..., enfim, um harém de possibilidades. Se for uno, não se realiza, apenas no mundo das idéias - exercício cansativo e castrador.

Nem a existência humana é una, já que existe a condição da fertilidade para quem quer se propagar em carne, osso, células, órgãos e sistemas. O mesmo acontece com as demais espécies.

Até o ponto final (.) é superável pelas reticências (...), onde esses tais três pontinhos dão a sensação de movimento e continuidade. Viver é ..., apesar do PONTO dar ênfase e objetividade - unamente necessária para decidir algo.

A palavra por si só não basta, ela precisa se uma sentença frasal para dar sentido maior. Assim, um dircuso monossilábico, não se basta, não se comunica, pois, sempre dá o sentido de que algo ficou por ser dito.

Se por definição a morte, o caos e o vácuo são unos, pontos finais que propõem o final da existência ou da inexistência, dependendo do ponto de vista e da crença, eles deixam de ser unos quando vistos como a tranformação, a mutação e o buraco sem fim, ganhando a extensão de infinitos. Infinito nunca se reduzirá a condição de uno.

Uno no singular se remete apenas ao universo introspectivo e, sem a consoante "s", se torna depressivo, IN, OFF. Mas, tudo é OUT, ON, e, se não é, deveria ser, praticamente uma obrigação.

E por falar da solidão, não posso me esquecer dela, já que eu a defendo tanto e a vivencio constantemente. No entanto, a minha defesa não consiste em defender a sua permanência, em seu aspecto uno e limitado, mas, os momentos destas - momentos necessários para que eu possa estar em contato comigo mesmo, colocando os meus sentimentos e as minhas idéias em ordem, me recompondo e me autoconhecendo. No entanto, a sua permanência é una, singular, e a sua superação é plural.

Finalizando, a mensagem final é que vivemos em função do coletivo em detrimento do uno, do egoísmo essencial, em muitos casos e circunstâncias, abrindo mão de nós mesmos.

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"As lágrimas não reparam os erros!!!"

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♫ Pitty - Na sua estante

"Eu não ficaria bem na sua estante..."