CONTRATO TEMPORÁRIO DE SOLTEIRO

- “Eitaaaaaaaaaa lêlê, se essa onda pega... Já imaginou?!!! O individualismo e a impessoalidade imperariam mais do que nunca, ainda mais por aqui, ao meio de tanto concreto. Não é mesmo, Leonardo?!!!”


Nada contra aos relacionamentos sólidos e duradouros, que conseguiram se reinventar e se refazer diante das crises afetivas, dos deslizes humanos, das tentações e dos pecados do mundo, da banalização do homem, do seu corpo e dos seus sentimentos e da cansativa rotina da relação e que ainda possuem um futuro a trilhar e desafios cotidianos a superar. E, diante disso, eu nem poderia pensar diferente, ainda mais por ter passado por longos e solitários anos, procurando alguém que pudesse me fazer um pouco mais feliz, NO MÍNIMO, e que fosse uma persona bem bacana – com conteúdo humano, atitudes firmes e personalidade que pudessem inspirar a minha admiração.

Eu não vou entrar no mérito dessas questões agora, até mesmo porquê, o futuro poderá me trazer novas respostas, por favor, mas...
... Se eu consegui encontrar ou não, ou;
... Se essa persona existe mesmo ou não, ou;
... Se ela existe mesmo, será que ela teria alguma responsabilidade em conquistar a minha admiração e atender as minhas expectativas, as minhas carências, as minhas ansiedades?!!!

(MINHAS, as minhas lacunas – Todas aquelas que só podem ser preenchidas EXCLUSIVAMENTE por mim mesmo e mais ninguém!!!)

... Por enquanto, meu ego (orgulho) apenas irá responder, em alto e bom som, essas questões da seguinte forma: “Cansei, agora eu quero que o amor me encontre” e “Eu quero alguém que me tape os olhos, os ouvidos e a boca, bagunce as minhas idéias, balance o meu coração, domine o meu estilo dominador e abale todas as minhas estruturas”. E é nessas máximas que eu estou seguindo nesses últimos 5 anos, esperando ser encontrado, mas, atento para qualquer sinal interessante – já que eu me privo e nem quero viver com ninguém pela metade, sem sentir o meu coração pulsando.

- “Mas, eu estou bem relaxado enquanto a isso... Meu momento de vida atual, minha cabeça, minhas prioridades, colocam-me em paz o suficiente para assinar um contrato temporário de solteirice”.


Observando os contratos de solteiro de alguns conhecidos, amigos e amigos de amigos meus, a grande parte foi motivada por alguma decepção amorosa, algumas graves, outras nem tanto, mas, nesse processo afetivo de ruptura, alguns corações foram magoados no caminho, principalmente, deles próprios. Já no meu caso, trata-se de um contrato de solteirice por OPÇÃO. Opção, porque eu sinto que não estou 100% receptivo a me doar a uma relação agora, nesse momento, e o meu “ice-heart” ainda está hibernando.

- “Colírios existem SIM, todos os dias, em todos os locais, em todas as situações... Amém, Desejo... Amém!!! Mas, longe dos olhos, longe do coração. E, vamos combinar, ainda não surgiu ninguém que pudesse despertar e derreter a crosta de gelo que se alojou ao seu redor, congelando-o, adormecendo-o. Ou será que já surgiu?!!! Se surgiu, a minha cabeça não está conseguindo processar os dados enviados pelo meu coração. Mas, arriscaria em dizer que as tentativas até então foram sem sucesso. Sem culpados, por favor.”


Porém, se surgir uma oportunidade afetiva para mim, que me pegue de jeito, a gente vê como fica, mas, até lá, eu irei cuidar de mim e do meu foco. Em se tratando do meu contrato de solteirice, quando ele estiver em pleno vigor, deverá conter as seguintes cláusulas importantes, tais como:

Cláusula I – O tipo de Contrato de Solteiro assinado foi TEMPORÁRIO, com prazo mínimo de data vigente até Novembro/2008, podendo ser resumida ou dilatada, conforme o interesse do contratado;

Cláusula II – O Contrato de Solteiro só pode ser quebrado, rasgado, descumprido, aviltado ou esquecido, antes do prazo mínimo da vigência, dependendo do estímulo ou dos estímulos que possam romper com o devido contrato, PORÉM, a outra parte, deve estar ciente e empenhada para: Trazer PAZ, TRANQUILIDADE, ESTÍMULOS e COMPANHEIRISMO, além de MUITO AMOR, para que o contratado não perca o Seu Foco e esteja cercado de condições favoráveis para conquistar o seu objetivo final e se relacionar em harmonia.

Cláusula III: Em caso de propostas indecentes, indecorosas, ultrajantes, surreais, tolas, que possam gerar náuseas e chateações ao contratado, o próprio está capacitado para mandar quem idealizou a infame (ou infames propostas) para PQP ou, simplesmente, ir tomar no olho do c... (PIIIIIIIIII, impróprio para menores).

Cláusula IV: Não será permitido se aproximar do contratante quaisquer personas chatas, desinteressantes, oportunistas e “sem noção” que estejam deliberadamente com más intenções para tirar o juízo e o equilíbrio emocional do próprio, colocando-o em risco de desfocar do seu objetivo final e perder a sua paz de espírito.

Cláusula V: Será permitido conhecer personas interessantes, iniciar novos namoros, vivenciar momentos românticos e calientes, ter momentos de descanso, cultura e lazer a sós e a dois, ir de vez enquanto nas baladas (sobretudo no “Templo do Beijo” versão paulistana), fazer pequenas viagens, ter uma vida social atuante e cometer pequenas loucuras e excessos (com responsabilidade), de preferência, nos finais de semana.
OBS1: Em se tratando de eventos durante a semana, todo e quaisquer ônus e prejuízos será arcado pelo próprio contratado;
OBS2: O contratado tem todo o direito de dizer NÃO aos convites que achar pertinente e necessário ser dito.

Clausula VI: Beijar na boca será sempre bem vindo, sejam beijos oficiais ou sem compromisso, considerando que: “Beijar na boca é o esporte preferido do contratado e beijo na boca, pooooooooooooooooooode”!!!
OBS1: O contratado não tem obrigação de beijar qualquer persona que o próprio não esteja a fim de beijar ou se quem quiser beija-lo, não saiba beijar, mesmo que afoitamente (estilo paulistano de beijar).

Clausula VII: Mudar o status de Solteiro para NAMORADO, NAMORIDO OU MARIDO, só, somente só, em casos que a outra parte esteja ciente que o contratado tem o seu tempo da semana dedicado aos seus compromissos acadêmicos e profissionais, mas, aos finais de semana, o próprio estará disponível para a possível relação.
OBS1: Dependendo da situação, da disponibilidade do contratado, ele poderá estar com a sua outra parte durante a semana.
OBS2: Dependendo da responsabilidade e do compromisso acadêmico do contratado ou em casos pessoais, o final de semana poderá ser adiado.
OBS3: Mas, em ambos os casos (1 e 2), o diálogo entre as partes envolvidas será o veredicto final.

São Paulo, 15 de março de 2008.

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Dan Vascs.