Fé, no povo?!!!

Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão
Eu vou à luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e constrói
A manhã desejada
Aquele que sabe que é negro
o coro da gente
E segura a batida da vida o ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro
E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser
brasileiro
Aquele que sai da batalha
Entra no botequim, pede uma cerva gelada
E agita na mesa logo uma batucada
Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira suada da luta e faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos pelaí...
Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão
Eu vou á luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e constrói
A manhã desejada
Aquele que sabe que é negro
o coro da gente
E segura a batida da vida o ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro
E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser
brasileiro
Aquele que sai da batalha
Entra no botequim, pede uma cerva gelada
E agita na mesa logo uma batucada
Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira suada da luta e faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos pelaí...
Eu acredito é na rapaziada

(Gonzaguinha - E Vamos À Luta)

Fé, uma expressão monossílabica, tão particular, tão controversa, mas, com tanto significado para aqueles que acreditam nela... Hei, eu acredito sim, embora alguns positivistas a considerem como o elemento mais ingênuo, menos racional, que um ser social pode ter. Porém, cientificamente, é comprovado que ela faz milagres, inclusive com o aparelho imunológico dos doentes que são fervorosos.

- "De fato, pra mim, a esperança é a última que morre... mas, como eu não sou bobinho, nem nada, faço a minha parte para que ela aconteça mais rápido, até mesmo por merecimento".

Porém, todavia, contudo, a minha reflexão não tem relação de cunho religioso, mas SOCIAL. Então, deixando o sagrado a parte, vamos ao que interessa e a questão que não quer calar: Fé, no povo?!!!

• Dan & Seu Gênio Mal

Nem sendo o OTIMISTA, dos mais otimistas, eu não consigo acreditar que o povo oprimido, marcado por sua ignorância e degradação secular, consiga fazer transformações sociais significativas desse jeito: Apático, perdido e desassistido, indo buscar na barbarie humana, nos métodos escusos e ilegais e na violência urbana os meios para sub-existir e sobreviver ao caos social, já que está desprovido de oportunidades dignas e exemplos públicos para se desenvolver. O povo uma vez marginalizado, reproduz a marginalidade social - um ciclo vicioso crônico.

Quem é responsável por todo esse caos?!!! A parcela excluida da sociedade?!!! Culpada e responsável, SIM, porém, tão culpada quanto responsável como nós e o Estado, que nos omitimos de "n" formas e não geramos meios e recursos para gerir programas sociais de inclusão, de ressocialização e de programas de geração de emprego e renda. Sim, e Educação - por favor, muita educação de qualidade.

Um povo apático e sem ação não tem condições de cobrar atitudes políticas e muito menos fiscalizar, sendo postos de lado, a própria sorte, sendo negado os seus direitos como cidadão e amontoados como coisas em favelas, sem o mínimo de estrutura básica residencial e de saúde pública e refém do tráfico, da marginalidade e da degradação humana. Como integrá-los de forma digna e buscar estratégias de redução, controle e erradicação da miséria e da violência urbana, se o violentadores são violentados e vice-versa?!!! Isso se chama o retrocesso em que vivemos... o culto ao descaso com o próximo.

- "Como acreditar e ter fé no povo que vive ao meio do caos humano e social?!!! Apenas, ter fé Nele, não adianta muito, só resigna diante do sofrimento e das dificuldades... Mas, é um povo resignado que queremos?!!! Ou, é interessante, para aqueles, a minoria que detém o poder e a riqueza má distribuída, ter cordeirinhos que digam sempre "amém" a tudo e a todos?!!!"

• Dan & Seu Gênio Bom

Sem dúvida alguma, "o pior cego é aquele que não quer ver", porque em pleno século XXI, não se pode mais ignorar os fatos e se abster do caos em que vivemos e nos aflinge. Meu povo, incluindo-me também, está mais do que na hora de arregaçar as mangas, se organizar e ir a luta: Com consciência e atuante. "Nem de pão vive o homem", já dizia o profeta.

Se por um lado não dá para acreditar na sua apatia, porque não acreditarmos no seu espírito de luta, na sua garra de fazer acontecer, na sua força de trabalho e na sua resistência social?!!! Um povo, como o Brasileiro, que enfrenta todas as mazelas imagináveis, que é estorquido de todas as formas e que usa da criatividade e da flexibilidade para sobreviver, deve aprender a utilizar sua força motriz humana (força interior) em prol da sua redenção e qualidade de vida. Só sendo muito brasileiro, para conseguir aos trancos e barrancos para sobreviver, mas, com certeza, o que nos falta enquanto nação é direcionar a nossa força e capacidade em benefício de todos, de uma nação menos conflituosa e menos injusta, porque aniquilar todas as dificuldades e conflitos do Sistema Capitalista em que vivemos é surreal - considerando que esse sistema perverso se alimenta das contradições (políticas, econômicas, sócio-culturais) e dos conflitos que ele produz .

- "Antes de qualquer transformação social, imposta ou revolucionária, como nação, nós precisamos de exemplos, muitos e grandes exemplos, em todas as instâncias político-administrativas e âmbitos estruturais e sócio-culturais, partindo dos políticos ao vizinho do lado, porque, além de elaborar, implantar e gerir leis, programas e projetos variados, é preciso resgatar valores, dos mais elementares. O homem, enquanto ser social, está caminhando na contramão, ao invés de evoluir, está voltando ao seu estado animalesco de ser e viver".

Um coisa eu posso afirmar, não é tendo uma postura apática e vivendo em favelas que o povo terá melhores condições de vida, pelo contrário, os degradará cada vez mais e, como conseqüência disso, os degradados se transformarão e já são degradadores através da proliferação da miséria e da violência urbana que nos aprisiona e nos coloca em risco, diariamente.