Nunca se falou tanto em pedofilia. Uma doença, uma tara sexual e bizarra, um comportamento anti-social, um crime, independente da conotação dada e da sua epistemologia, depende única e exclusivamente do contexto e da intenção de quem quer definí-la. Se é para se discutir sobre esse fenômeno que permeia diferentes ambientes (familiar, penal, escolar, religioso), é preciso saber do que trata, das consequências psicoafetivas deixadas nas crianças e pré-adolescentes que sofrem abusos psicológicos e sexuais (algumas marcas perduram durante toda uma vida), das implicações penais que essa ação pode causar ao infrator (sim, pedofilia é crime!!!), enfim, todas as nuances que implicam-na.
- "Inicialmente, coloco-me contra e deixo o meu repúdio em evidência de todos aqueles que roubam a inocência infantil, chegando ao extremo do abuso sexual. NÃO A PEDOFILIA, CADEIA AOS PEDÓFILOS!!!"
Mas, nesse post, eu gostaria de me ater a sua definição. Tenho escutado muito por aí, de acordo com o discurso da população, definindo a pedofilia como uma mera doença, como "algo que não é natural". Tratar a sua complexidade apenas como "algo doentio e não natural" é, no mínimo, minimalista. Dentro do seu âmbito cívil, penal e psicossocial não se baseia apenas num aspecto da natureza humana, restrita a sua natureza animal e instintiva, mas, sobretudo explícito e vil em seu comportamento anti-social.
Se fizermos um paralelo anterior, na época das nossas avós e bisas e nas gerações anteriores as delas, quantas meninas entre 11 e 13 anos eram obrigadas pelas famílias a casar?!!! Quantas meninas-crianças não foram obrigadas e violadas sexualmente pelos seus "maridos" com o consentimento dos pais?!!! Eu percebo que é o pior tipo de pedofilia, a consentida, a autorizada. E hoje, as famílias mais pobres "doam" as suas filhas e filhos, seja para livrá-los da miséria ou como moedas de trocas. Consentida ou não, a violação física, sexual e espiritual dessas crianças acontecem do mesmo jeito, tal e qual, os vexames e escândalos sociais que acompanhamos todos os dias pela mídia.
- "O mais estarrecedor disso tudo é: O perfil do pedófilo é uma presença íntima, sempre praticada, na maioria das vezes, por inimigos íntimos personificados em parentes (pais, tios, primos), amigos próximos e conhecidos do bairro. Aspecto que deixa a situação mais chocante."
Tratá-la como doença crônica e até em níveis psiquiátricos é querer tirar e amenizar toda a responsabilidade e lucidez do criminoso pedófilo. Porquê, querendo ou não, alguns deles possuem esclarecimento e formação escolar de auto-nível, sabendo muito bem o que estão fazendo. Não se trata como a pedofilia como uma compulsão incontrolável que não se possa conter. Porquê desvio de caráter não anula o dissernimento do que é certo ou errado.
Alguns comportamentos considerados como anti-sociais em algum momento da história e da vida social eram tidos como normais, "naturais", aceitos. Foi assim com o homossexualidade e o incesto na Grécia Antiga, foi assim como a pedofilia consentida, onde , muitas vezes, os pais fecham os olhos e compactuam com o "defloramento" das suas crias de forma impotente, alheia e erma. Percebe-se então que, o comportamento aceito depende do que o imaginário coletivo acredita e reproduz.
Querendo ou não, a pedofilia na Santa Madre Igreja não é um fenômeno recente, vem acontecendo de longa data. Quantos "coroinhas" não se deitaram nos braços e nas camas dos santíssimos padres (santíssimo, é?!!! Hummmm... sei!!!)?!!! Quantos pais acarinharam os seus filhos e filhas indo além do limite considerado como normal?!!! Quantos "cabras velhos" não assediaram as "cabritinhas"?!!! A verdade é uma só, não se pode tampar o sol com a peneira e nem fechar os olhos para a pedofilia, pois o desejo muitas vezes transcende além de um simples olhar sacana e libidinoso e gestos de carinho.
- "Enfim, é uma discussão intrigante e complexa, pois evidencia como a nossa sociedade está doente de: princípios, exemplos éticos e morais, comportamento, sentimentos e conceitos."
Nenhum comentário:
Postar um comentário