sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

☆ Tributo à Clarice Lispector ☆



"- Senhor, me perdoe... De fato, quando eu era adolescente não sabia o que fazia..."



Pergunto-me: Como na adolescência eu não descobri Clarice Lispector?!!! Deve ser, porquê na época da escola, eu só queria saber de festas, paqueras & arruaças... Estudar que é bom, nadaaaaaaaaaaaaaa!!! E muito menos por poesia, romances e contos... Não era o momento certo, só posso crer.



Que pecado, que pecado!!! Me preparando para alguns vestibulares da vida, muitos em Psicologia, mas, acabei nas Ciências Sociais, não dei a devida atenção e importância que você merecia, minha diva literária. Desculpas, meus mais sinceros pedidos. Agora, é o momento da minha retratação, pública e online, e a homenagem mais singela à você e as suas obras (ainda não li todas, mas um dia eu chego lá) que eu posso prestar: "My tribute for you" ♡ ♡ ♡



Mas, como tudo tem a sua hora certa para acontecer, alcancei e senti Lispector em sua obra literária densa, visceral e contundente, pois, ela expõe os seus pensamentos e sentimentos, suas neuras e certezas, seus fracassos e vitórias, como ninguém. Sem dúvida, corajosa e autêntica, és uma das escritoras brasileiras, apesar da sua nacionalidade ucraniana, que eu mais admiro e me delicio nos meus momentos de leitura e reflexão...



E que bom, que eu tive a oportunidade de ouro de ir em sua exposição em Setembro/2007 - "A HORA DA ESTRELA", ocorrido no Museu da Lingua Portuguesa em São Paulo. Foi uma grande honra aprofundar, um pouco mais, os meus conhecimentos e interesse pela sua vida e suas obras. E nesta ocasião impar, eu estive muito bem acompanhado por duas amigas paulistanas incríveis: Pati e Kelly. Saudades, meninas!!!



Agora, das suas obras, as quais algumas tive o prazer de ler - A Descoberta do Mundo, A Hora da Estrela, Água Viva, Perto do Coração Selvagem, Laços de Família e alguns contos), citarei alguns fragmentos que eu considero impagáveis e que, particularmente, eu acho brilhantes. Tais como:



"Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um ultimo recurso, não fazer mais nada. Por isto digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado. Melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não façamos esforços inúteis, pois o amor nasce espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Ás vezes, é inútil esforçar-se demais... nada se consegue; outras vezes nada damos e o amor se rende a nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos a quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho: o de nada mais fazer."

(Clarice Lispector, In: Conto "Inutilidade")

"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."

(Clarice Lispector, In: Conto "Solidão")

"Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil."

(Clarice Lispector, In: A Descoberta do Mundo)

"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida".

(Clarice Lispector, In: A Descoberta do Mundo)

"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

(Clarice Lispector, In: A Hora da Estrela)

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada."

(Clarice Lispector, In: A Hora da Estrela)

"Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento".

(Clarice Lispector, In: A Hora da Estrela)

"Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida."

(Clarice Lispector, In: A Hora da Estrela)

"Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o seu desespero. E agora só quereria ter o que eu tivesse sido e não fui."

(Clarice Lispector, In: A Hora da Estrela)

"Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo."

(Clarice Lispector, In: Trecho dado ao Jornal da Poesia)

“Analisar instante por instante, perceber o núcleo de cada coisa feita de tempo ou de espaço. Possuir cada momento, ligar a consciência a eles, como pequenos filamentos quase imperceptíveis, mas fortes. É a vida? Mesmo assim ela me escaparia.”

(Clarice Lispector, In: Perto do Coração Selvagem)

"Então escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra. Quando essa não-palavra – a entrelinha – morde a isca, alguma coisa se escreveu."

(Clarice Lispector, In: Água Viva)

"Eu te amo - Disse ela com ódio ao homem, cujo crime impunível que cometera era o de não querê-la."

(Clarice Lispector, In: Laços de Família – O Búfalo)

Um comentário:

Aparecida Carmo disse...

Dan, ao ler este tópico dedicado a Clarice, me veio a mente o livro "uma aprendizagem ou o livro dos prazeres" em que Clarice Lispector apresenta o 'estar-no-mundo', o intimismo, a pesquisa do ser humano... em um eterno questionamento que traz uma certa ambiguidade, como um jogo marcado pelo eu e pelo não-eu, o ser e o não-ser...
Creio Dan, que assim como Lóri, a personagem principal do livro, que experimentamos o amor e o prazer, mas que acabamos num encruzilhada, em que temos que optar entre o continuar com o amor e o prazer, ou nos atermos ao medo de perder a própria identidade dentro desse processo. O processo esse que nada mais é do que uma solitária aprendizagem...

bjins procê...


"As lágrimas não reparam os erros!!!"

The Verve - Bitter Sweet Symphony (with lyrics)

♫ Pitty - Na sua estante

"Eu não ficaria bem na sua estante..."