domingo, 30 de dezembro de 2007

A BELEZA está nos olhos de quem contempla...


Particularmente, "Scapigliata" é uma das obras mais belas criadas por Leonardo da Vinci, um dos maiores inventores e artistas da humanidade, graças a sua genialidade, sobretudo, na Era Renascentista. Ao contemplá-la, essa imagem me transmite a docura, a sensibilidade e a simplicidade que Da Vinci captou do que é ser belo.

Na era do culto desenfreado da beleza, onde, vale-tudo para alcançar o padrão de beleza moderno - fomentado e massacrado pelos meios de comunicação de massa em geral; quem está fora dos padrões estéticos, corpo esbelto e delgado para as mulheres (padrões da moda fashion) e corpo esculturalmente definido e musculoso para os homens (padrões dos esportistas e malhados de academia) é considerado dessinteressante e marginalizado socialmente, digamos assim, por ter nascido desprovido de tal beleza.

No meu ponto de visto, mais um equívoco que a humanidade promove e tenta implantar a supremacia dos "tops cats", super-valorizando a vaidade e a futilidade, esquecendo-se de um aspecto fundamental: a alma humana e a sua construção interna. O que adianta ser belo, o objeto de desejo, se não tem conteúdo humano (objetivo e subjetivo) para ser além de um rosto harmonioso e um corpinho padronizado?!!!

- "Longe de mim, ser avesso a beleza, até mesmo porquê, é um colírio aos meus olhos míopes e cansados de guerra, mas, pra mim, a beleza estética por si só não se basta e nem se fundamenta. Existem outros atributos muito mais importantes que devem ser levados em consideração como a inteligência, o carisma, o caráter e o charme próprio de ser. Nesse sentido, a beleza é apenas o primeiro atrativo a chamar a atenção, mas, com o passar do tempo, perde o seu poder de fascínio e conquista".

Se Vinícius de Morais, canta em verso e prosa que: "Me desculpem as feias, mas a beleza é fundamental"; quem sou eu para discordar de tal poeta e cantor. Mas, apenas coloco em voga que tipo de beleza ele quis exaltar, apenas a beleza estática?!!! Acho que ele não era tão tapado para considerar apenas esse aspecto mais aparente. Por outro lado, o que ele considerava ser feio?!!! São questões profundas que não podem ser resumidas apenas na identificação do que é ser bonito ou feio.

Definitivamente, a beleza está nos olhos de quem a contempla... Enxergá-la é ir além do aparente, da sua casca sedutora, é considerar o seu aspecto relativo: o que poder ser bonito para você, pode não ser bonito para mim e vice-versa. A partir desse contexto, cada um de nós, independente dos padrões estéticos atuais, temos algo a ser contemplado e admirado, nos cabem descubrí-los e valorizá-los sem que sejamos reféns da vaidade.

Os reféns da vaidade tornam-se escravos dos modismos, da opinião e julgamento dos outros e de si mesmos, tornando pessoas fúteis, vazias de valores mais contundentes que não seja a vaidade e, podendo até adoecer, entrando em profundos estados de depressão e transtornos alimentares (anorexia, bulimia e obesidade moderada e mórbida) que afetam a sua saúde e geram desfiguramento das formas, tanto no aspecto físico quanto psicológico. Se por um lado, a beleza nos enche os olhos e aguça os nossos sentidos mais primitivos e carnais, por outro, podem atrofiar a nossa alma e adoecer o nosso corpo.

- Há uma línea tênue e delicada entre a beleza natural, aquela beleza interna e que lhe é peculiar, deixando fluir naturalmente (de dentro para fora) e a beleza artificial, aquela beleza adquirida e introjetada socialmente (de fora para dentro) que lhe cobra e penitencia.

O fato é que a beleza é relativa e diversificada em "n" possibilidades e "n" características, ainda mais, se tratando de um país continental e missigenado como o Brasil é - celeiro de todas as raças e tipos humanos; e só depende de quem a enxerga, de quem a contempla. E, contemplar a beleza, está intimamente ligada com o estado de espírito do contemplador, da forma como você encara a vida, o próximo e os tipos de beleza. Agora, se você é livre da ditadura da magreza e da barriga tanquinho, você está apto para identificar a beleza nos magrinhos e gordinhos, nos altos e baixos, nos brancos, índios e negros, nos ruivos, loiros, morenos e mulatos e assim por diante.

- Não existe a beleza padrão, mas a beleza de cada um... com as suas perfeições e imperfeições estéticas. Só nos caberá a missão de tirarmos as vendas dos olhos para contemplá-la.

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