terça-feira, 17 de dezembro de 2024

A implacável ação do tempo.

 



A gente só se dá conta desse fato incontestável, quando você se olha no espelho e vê as marcas do tempo expressas em você. Aí SIM, vivendo esse grande clichê, você se dá conta de quê a fatura da vida e do tempo foi cobrada: Você não tem mais tempo à perder e, muito menos, desperdiçá-lo com quaisquer bobagens e hesitações covardes. Não há mais tempo para dúvidas e nem imaturidade.

Quando a gente é mais novo, nem dá bola pra isso, nem se preocupa, porquê, a gente deixa para se preocupar depois. E um dia o DEPOIS chega e, quando isso acontece, não há desculpas, não há fugas e nem espaço para crises existenciais e ressaca moral. Não dá mais para ignorá-las com a presunção típica, relaxada e irresponsável daqueles que acreditam que serão sempre jovens, que jamais irão deitar para isso. Porém, faturou, né?!!!

A verdade é que a minha geração envelheceu, mesmo, que a sua mente e sua subjetividade não estejam de acordo e compatível com a sua aparência física e as árduas responsabilidades que você carrega em seus ombros. Sinto-me ainda tão jovem, apesar dos meus cabelos com mechas naturais e algumas marquinhas de expressão.

Não me cobro e nem me deixo cobrarem. Nem sofro com essa constatação, afinal, para quem viveu algumas décadas, esse é o processo natural da vida. Vivi cada marca, cada dor, cada ferida no meu corpo e na minha alma, cada lição essencial duramente aprendida. Nada foi em vão, eu não deixei que fosse. Sobrevivi, superei, transcendi.

Minhas ilusões não comandam o meu tempo e nem a minha psiquê. Sou desconsertantemente desapegado e, em muitos momentos, agradeço por isso, porquê evito sofrimento desnecessário e guerras que não me pertencem. Todavia, algumas poucas jovens expectativas que resistiram o tempo, eu não permito que elas tenham voz de comando em mim e consigam ludibriar e sabotar a minha consciência e o meu bom senso. Ninguém amadurece impunimente.

Na corrida contra o tempo, os meus devaneios não tem mais tempo, o relógio correu. Alguns sonhos ficaram pelo meio do caminho e outros deixaram de sê-lo. Mais do que nunca, só temos o tempo, o futuro já é o presente - pelo menos, na fase em que eu me encontro. As minhas asas deixaram de voar, porquê, eu tenho os meus dois pés muito bem plantados no chão.

E tudo isso só é possível, essa paz e tranquilidade que eu sinto, se deve porquê eu conquistei o meu ponto de equilíbrio, uma consciência que se mantém no controle diante dos meus impulsos, dos meus momentos de destempero e do meu barulho interior em vias de ebulição.

Tudo isso só é possível porquê há compreensão e aceitação. Me acolho e me respeito do jeito que sou, muito mais agora, do que antes. Dito isso, se não for hoje, agora, o tempo desperdiçado será tempo jogado fora, jogado no lixo. Eu não posso mais me dá ao luxo disso, nem cogitar tal possibilidade.

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