sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Sempre existe um pouco...




Aaaaaaah se não fossem as entrelinhas.  Mas, diante da falta de profundidade e tato das pessoas no trato com os demais e o imediatismo da aparência e da conquista, tornou-se cada vez mais comum estabelecer as relações na base da superficialidade, do supérfluo, do descartável e substituível e do simplório. Poucos conseguem ir além da superfície existencial e desfrutar o mistério que está presente e oculto no silêncio, na pausa, no indício, na incompreensão. 

Para isso, é preciso ter coragem e ousadia para se comprometer/envolver e ir além das entrelinhas do que: o olhar quis revelar mas não se atreveu; a timidez se acovardou em se expor; os lábios calaram; estava expresso no desejo das segundas intenções; enfim nas reticências (...) encontradas no decorrer do caminho. 

Sempre existe um pouco de verdade ou muito em tudo que não foi expresso na sinceridade exposta. Porém como exigir sinceridade e transparência dos outros se as pessoas tem dificuldade de serem honestas?!!! Expor-se sem barreiras e resistências é sempre muito perigoso e um risco, porquê a sua sinceridade pode ser uma arma usada contra si mesmo. Um ponto fraco em carne própria. E no risco da autoexposição sempre haverá alguém querendo tirar proveito e benefício em cima das debilidades do outro.

Assim, nesse campo minado, as relações que deveriam ser mais simples vão sendo construídas em cima de quebra-cabeças, de brincadeiras de esconde-esconde, sempre perpassadas por joguinhos mediados por sei quais intenções os outros podem nutrir por você. É sempre um passo de retração, de retrocesso, do medo da defraudação. Nesse contexto as personas vão se retraindo, ocultando, mentindo, dificultando, usando códigos e sinais para tentarem ser descobertas. 

Sabe lá quais as verdades que serão descobertas atrás das suas blindagens, intenções escondidas e meias palavras?!!! Dessa forma a sinceridade se transformou numa característica rara, num tesouro escasso, sendo usada e utilizada por poucos justamente porquê ser sincero é para poucos.     

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