(...) Eu me perdia pela cidade, anônimo, e esse anonimato era um vício. Eu não ter meu nome me absolvia de tudo. Eu me embebedava do desejo cego por qualquer um... E assim, eu me iniciei na solidão coletiva dos que não têm nada a perder. Ma
s, talvez, eu tenha até mais que os outros a tentação de corresponder ao bem. Uma tentação tão grande e absoluta, um desejo de corresponder de forma tão total, que paradoxalmente me tornou e me torno escravo cego de minha escuridão. E quando essa escuridão me possui, eu até a confundo com uma espécie de bem-aventurança.
(Fauzi Arap, texto do espetáculo Pássaro do Amanhã - 1977)
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