Quando eu acordei, me deparei com o seguinte fato sendo noticiado na TV: Nesta semana que passou, em Goiás, adolescente de 14 anos, que sofria bullying na escola, provocou vários disparos dentro da escola onde estuda, matando 2 alunos, incluindo o seu melhor amigo, ferindo mais 4 alunos e provocando caos e pânico nos demais alunos e professores.
Além de ficar chocado com a notícia e ser solidário à dor e ao luto de todas as famílias envolvidas, também provoca em mim, uma série de questionamentos e inquietações quanto: A frequência desses casos por aqui, a discussão sobre o desarmamento da sociedade civil brasileira e a problemática do bullying dentro e fora das nossas escolas.
A aparente sensação de que eventos dessa natureza "fucking crazy", "so bad", completamente "insane", são tão distantes da nossa realidade, da dinâmica do nosso caos nacional... Oops, não é bem assim, ladies and gentleman, nem tão pouco um fato tão distante e isolado assim como pensamos, mesmo não sendo tão frequente se comparado as loucuras e bizarrices que acontecem nos USA. O Brasil também tem e cria os seus próprios monstros e aberrações, os filhos da violência urbana, da marginalidade criminal e cidadã, da ausência de oportunidades num país marcado pela desigualdade e exclusão social, segregação de "n" tipos (sociocultural, ideológica, racial, sexual, religiosa, etc e tal), ignorância e preconceito, crise ética e moral, ausência de um sistema de saúde e educação eficiente e inclusivo, enfim, uma vasta lista dos nossos problemas já tão bem conhecidos.
Porquê a questão do desarmamento?!!! Se o adolescente não tivesse acesso a arma do pai (mesmo ele sendo policial - total descuido e irresponsabilidade desse pai; e mesmo que não fosse um pai policial), o sinistro poderia ter sido evitado e consequentemente os aumentos dos índices de violência, marginalidade e mortalidade que já são TOPs. Facilitar o acesso de armas aos jovens e adultos propiciam situações assim. O brasileiro não está preparado para lidar com a responsabilidade de ter armas de fogo em casa e o livre acesso à elas.
Entre banalizar o armamento, tornando-o acessível à todos, eu creio mais viável adotar uma estratégia de capacitação profissional, reformar o plano de cargos e salários e equipar adequadamente os soldados do Exército Brasileiro e os policiais militares e civis, estimulando-os no cumprimento do seu trabalho, visando atuarem de maneira eficiente como os responsáveis pela segurança pública e nacional, em prol da nossa integridade física e cidadã e no combate incansável contra a violência, a marginalidade e o crime organizado. Sim, não esquecer de regulamentar à profissão e também capacitar os agentes de segurança privada.
E quanto ao bullying, farei uma autocitação da minha postagem logo cedo no Twitter: Se todo aluno brasileiro que sofrer #bullying na escola tiver o seu momento "atirador", as nossas escolas se transformarão num campo de tiro ao alvo. Numa sociedade preconceituosa e intolerante às diferenças, enfrentar o bullying na sociedade, seja ela dentro ou fora da escola, já é uma prática de sobrevivência, defesa e autoafirmação social. O termo "bullying" é relativamente novo, mas a prática sempre existiu através de "brincadeirinhas" e "piadinhas" sem graça, pegadinhas, humilhações, isolamento e brigas entre irmãos, grupos de amigos, colegas de escola e trabalho e grupos sociais.
Agora, cada um lida com o bullying sofrido e reage à ele de uma maneira diferente: Alguns ficam mais tímidos e retraídos, como também depressivos e apáticos e isolados socialmente, já outros, se tornam mais revoltados e violentos. Será que ninguém teve a astúcia e a sensibilidade para perceber alguma mudança de conduta por parte do garoto?!!! Hei, pais?!!! Hei, escola?!!! E os amigos cadê?!!!
O garoto tanto é culpado, por ter sido o protagonista e responsável pelo tiroteio, como também uma vítima do sistema brasileiro, todavia, deve ser castigado exemplarmente e com direito há uma minuciosa avaliação psicológica por uma equipe multidisciplicinar e um raio x do seu convívio familiar, escolar e social. Ele não chegou a esse ponto ao acaso, do nada. Até que ponto o seu comportamento não foi influenciado e impactado por outros "modus operandi" de casos verídicos noticiados na mídia como também na internet ou outros tipos de influenciadores fictícios (games, filmes, seriados, novelas)?!!!
Aceitável?!!! Uma prática assim nunca será, pois danos e traumas irreparáveis já aconteceram. Justificá-los?!!! Sim, como primícia básica para identificar as causas e tentar evitar e/ou minimizar os efeitos e as suas consequências. A ferida social está aberta e é preciso conter a hemorragia e curá-la de toda e qualquer forma eficiente e quiçá definitivamente (ou próxima disso).