Paixão, Ilusão, Idealização e Cegueira

Analisando a situação entre Amora e Bento, o casal fictício e protagonista da novela Sangue Bom, fica nítido como, às vezes, o coração da gente insiste e aposta numa ilusão. É comum a gente idealizar tanto uma relação (principalmente quando ela ficou pausada e indefinida por um certo tempo), como também com quem nos relacionamos, que não percebemos o óbvio e acabamos sendo engolidos por esse sentimento. Talvez por isso, o Bento tente justificar os feitos e maus feitos da sua "it girl" patricinha, que em determinados momentos oscila entre mau caratismo e desorientação. 

É, nesse momento, em que nos deixamos levar pela ilusão, que a gente não percebe quem está a nossa volta, deixando-a partir sem uma chegada oficialmente anunciada e, se anunciada, corre-se o risco de não valorizar esse sentimento dado, oferecido. Ah, bem o caso da Malu. Nem dá muito para recriminar a sua "cegueira", porquê quem está envolvido pela situação não consegue enxergar. Sempre é mais fácil enxergar as nuances das relações alheias do que as nossas próprias, pois há o distanciamento necessário para analisar as situações e as pessoas.

Naturalmente, que eu já me vi e vivi situações assim, onde a paixão e o encantamento vendou os meus olhos. E até me deixei manipular por não perceber algumas intenções, mas, ..., mais cedo ou mais tarde, o véu da ilusão cai por terra e o que está camuflado ou obscuro torna-se claro, perceptível. Para isso, é necessário tempo e distanciamento para analisar tudo o que aconteceu com clareza. 

Infelizmente, a gente deixa de viver outras possibilidades, outras histórias, outras relações, porquê nos tornamos refém de nós mesmos, das nossas próprias ilusões (anseios, expectativas, carências, transferências) que alimentamos. Passar por isso faz parte da dinâmica de se relacionar, ora nos traz bons frutos, ora malditos. Todavia, nem tudo o que é visto e sentido com muita nitidez é ou será apenas flores e doces chocolates.