... "Enquanto não superarmos a ânsia do amor sem limites, não podemos crescer emocionalmente. Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um".
E é nessa busca tão regida pelos desencontros que alguns acabam esquecendo de si, das suas necessidades e questões, vivendo em função e dependendo afetivamente do outro sem as suas próprias referências. Nesse momento, o outro se torna a sua bússola, norteando a sua vida de todas as maneiras que se pode ser, onde, o comando da sua vida e das suas escolhas e sentidos estão em outras mãos que não as suas. Você se descapitaneou.
Como manter-se interessante aos olhos do outro se você perdeu a sua autonomia e identidade?!!! Ninguém consegue viver por muito tempo anulado, até porquê, viver o fenômeno da descaracterização é asfixiante. É um abandono completo de si mesmo - quem já se descaracterizou para agradar o outro, nesse complexo exercício de abnegação, generosidade e submissão, sabe o que isso significa e o preço alto a ser pago: o do (auto)abandono. Quer perda afetiva maior do que essa?!!!
Em algum momento do caminho, você sente falta de si mesmo e regressa para se resgatar e, na maioria dos casos, o regresso é solitário, egoísta e vital. Ninguém consegue viver esse abandono de si mesmo, pois isso é morte em vida. Por isso, para se estar a dois, intrinsecamente é preciso estar uno, ser alguém para poder estar com alguém sem muletas, sem próteses, sem parasitismo, sendo regido pela sua própria essência e identidade.
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