Eu não estou feliz, pelo menos, não da maneira como eu gostaria de estar. Às vezes, quando eu me deparo com o meu nada desértico, bate aquele desespero que sugere uma saída bem mais fácil e extremada. Porém, eu não tenho coragem de ingressar neste caminho sem volta, muito porquê, algo em mim prefere acreditar que eu estou apenas passando por uma fase infértil e que amanhã pode ser um novo dia.
Pode, né?!!! Porque nunca deixa de ser uma remota possibilidade para se tornar imperativamente esperável É!!! Eu que era tão reto na minha dieta, nem estímulos para retomá-la eu tenho e, o pior, é que eu realmente estou precisando. É... a infelicidade engorda, o tédio engorda, a falta de perspectiva engorda.
Sinto-me perdido. Perdido em mim mesmo, paralisado. Perdido no mundo, sem função, sem sonhos, apenas com poucos motivos que ainda me fazem sorrir. Se a vida é feita de altos e baixos, a minha montanha russa está apenas numa descida frenética. Que tal um loop de 360º ou uma subidinha aí, só pra contrariar?!!! Que nada, até a minha auto-estima está subterrânea, bem abaixo dos meus pés, quem sabe até, rente as placas tectônicas - talvez por isso, eu esteja sobrevivendo aos meus terremotos e tsumanis.
- "Pelo menos, ainda com dignidade."
Porquê será que eu não tenho vergonha de admitir o meu caos pessoal?!!! Talvez porquê isso seja humanamente possível de acontecer e ninguém está incólume de passar por isso. Além do que, eu prefiro mil vezes enfrentar a minha realidade de frente, lúcido e com coragem.
- "Essa lucidez ainda vai me enlouquecer mais do que eu já sou!!!" kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Desestimulado, sim... Depressivo, não. Já que essa sensação de impotência é completamente diferente da minha depressão de 1996 a 1998 - isso sim, era uma puta depressão: trancado no quarto na penumbra, sem querer ver o sol e ninguém, vivendo morto em vida, tomando prozac e chorando com a Laura Pausini (acredito até que ela chorou mais do que eu, pois nem vontade de chorar eu tinha, porque nem na lona eu consigo sentir pena de mim mesmo). Com certeza, era um outro contexto, um outro momento, um outro Dan.
Devo estar provando do meu "q" de sadomasoquista, pois é o meu infortúnio que alimenta a minha alma. Talvez, vocês agora comecem a entender os porquês da minha falta de completa paciência para engolir sapos, dar sorrisos que eu não tenho e aturar abuso de qualquer espécie.
- "Por incrível que pareça, mesmo azedinho e abusadíssimo, sinto-me visceralmente vivo, totalmente canibalista, devorando até as minhas próprias en(IN)tranhas."
O que ainda me mantém em pé?!!! Talvez, seja o meu otimismo e a minha ingenuidade fantasiados de atos de repúdio. Repudio a minha vida de todas as formas, desde a família que eu tinha e não tenho mais (uma família sem o alicerce materno não existe), a incompreensão e a ausência de apoio de alguns amigos (eles preferem olhar para o próprio umbigo do que estender a mão e dar um colo, mas, até aí tudo bem, eu compreendo, não cobro e nem obrigo ninguém a nada - eu ainda prefiro manifestações espontâneas. Ou se tem sensibilidade ou não), a ausência do fio metal para me dar autonomia, a minha eterna descoberta vocacional (o que eu vou ser quando crescer?!!!), o amor que eu não tenho e, neste momento, é até indiferente tê-lo, pois, agora não está na minha lista de prioridades; enfim:
Vim sozinho, voltarei sozinho, do pó ao pó, sem legado ou descendentes para deixar. Não passo em branco, nem poderia, mas, deixo que o tempo apague a minha passagem por aqui, principalmente o que deve ser apagado. Até prefiro assim, uma passagem discreta (sem neuras de perseguição), sem estar na berlinda (deixo esse mérito para quem curte ser o centro das atenções, pois eu sempre gostei de circular mais nos bastidores - é lá onde as coisas acontecem).
Então, vamos que vamos... Deixa eu argonizar em cada mergulho que eu dou em mim mesmo. É no meu caos que eu me fortaleço e, de repente, num surpreendente e ofegante suspiro eu me encontre.
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