O modelo feminino de se relacionar...

... Para eles!!!

Conversando com a minha terapeuta ontem, ela sinalizou que o "modelo feminino de se relacionar" está sendo muito adotado por uma parcela de homens. Mas, primeiro vamos estabelecer duas explicações fundamentais:

I-) Que modelo é esse de se relacionar?!!!

O modelo feminino de se relacionar consiste em agir de forma mais cautelosa, observadora, evitando presevar a sua integridade física e moral, resguardando a sua intimidade e evitando que o seus sentimentos sejam desdenhados e o seu corpo seja utilizado como um objeto sexual, algo meramente descartável.

Desse modo, alguns aspectos estão aflorados: A preservação da sua dignidade, a ação de uma personalidade sensata e coerente e a existência de uma subjetividade receiosa de sofrer frustrações gratuitas e romântica.

II -) Que tipo de homens agem assim?!!!

Qualquer homem que é regido essencialmente pelo seu componente emocional, sendo até mais sensível do que os "machões" e os "garanhões de alcova" e, principalmente, estão preocupados em construir uma relação não apenas voltada para o sexo, mas, para a construção de uma afetividade, onde o ato sexual não é um fim em si mesmo, mas, a consequência de um relação de cumplicidade e amor. Se para alguns, os mais toscos, preferem resumir essa questão como sendo "coisa de viado, de mariquinha", estará cometendo um terrível engano.

Independente da orientação sexual, muitos homens estão cansados em estabelecer relacionamentos fulgazes, frágeis e vazios de significados, cansados em colecionar decepções afetivas e sedentos em experimentar uma relação completamente diferente do que já experimentaram - eu acredito que seja a busca da reciprocidade de sentimentos e de cumplicidade, enfim um relação com comprometimento de ambas as partes.

Nesse sentido, a partir do momento que alguns homens adotam o "modelo feminino de se relacionar", acaba gerando uma compreensão no jogo entre os sexos, pois, as mulheres não conseguem compreender a reação mais equilibrada e contida desses homens, que se distanciam do modelo machista de "comedor compulsivo", não perdoando nenhum "rabo de saia" pela reles jusificativa que ele pode pelo fato de ser homem. Em contrapartida, algumas mulheres estão deixando de lado o seu lado mais contido e recato e entrando num processo de "acafajestamento", passando a reproduzir a mesma conduta masculina - bem o estilo "cafa" de ser.

Se não bastasse o acesso fácil e rápido às facilidades e tentações que a "Era do Ficar" proporciona, também está havendo uma troca de papéis e uma incompatibilidade de posturas e de pensamentos. Com a banalização do sexo (o sexo pelo sexo como uma mercadoria descartável, sem valor), a liberação feminina (algumas já ultrapassaram tais limites da libertinagem) e o senso de sobrevivência (por medo de sofrer facilmente) faz com que alguns homens se preservem mais e estejam se tornando cada vez mais seletivos e solitários.

E é nesse desajuste que alguns homens não desejam ser meros objetos sexuais, seja em que grau de relacionamento e identidade sexual seja. Heteros, gays e bis estão se tornando cada vez mais seletivos e se tornando reféns da sua propria autoproteção.

No meu caso em particular, eu preciso identificar quais são os critérios que estão regendo a minha autoproteção, deixando-me na defensiva e de que forma está prejudicando os meus relacionamentos. Será que eu estou antecipando questões antes mesmo que elas surjam?!!! Será que eu estou problematizando demais, aprisionando-me no pensar e não me permitindo em agir?!!! Ou será que eu estou exigente demais?!!! É algo a ser pensado.

Enfim, os papéis de genêro estão sendo trocados gerando um descompasso e uma ausência de comunicação e compreensão entre os casais. As relações afetivas estão cada vez mais ficando precarizadas, porque estão se "coisificando", tornando-se objetos e mercadorias de uso descartável. Trata-se da capitalização da afetividade.