Em outras circunstâncias estar solteiro me deixava ansioso e incomodado, muito por conta das exigências e expectativas sociais para se estar acompanhado e também autocobrança. Hoje, por ter outro entendimento do que é estar solteiro, sinto-me bem mais confortável. Confortável por não precisar me arriscar por alguns relacionamentos vazios e sem maiores consequências e me entregar à personas tão pouca coisa (analisando friamente e com distanciamento); por não ter que abrir mão da minha paz de espírito, desorganizando o meu universo interior; por não precisar me sujeitar ao jogo tedioso de "gato e rato", onde quem ganha o jogo é aquele que estabelecer o seu poder de vontade, comando e expectativa; por evitar a fadiga das picuinhas de casal; por preservar o pouco juízo que ainda me resta; por descobrir que você pode estar bem consigo mesmo sem necessariamente ser escravo afetivo do outro; por ter a plena consciência de que existem outras alegrias e satisfações que não se limitam apenas à estar acompanhado, como se estar acompanhado não pudesse se converter em solidão à dois; aprender a lidar diariamente com a ausência de alguém que eu ainda nem sequer conheço, embora a lacuna esteja ali; por gostar de si mesmo e saber desfrutar da sua própria companhia e dos momentos de introspecção; enfim, dentre tantos outros aspectos.
A maturidade vai nos demonstrando que, em se tratando do coração, não há garantias ou obrigações de que vamos encontrar a tão sonhada e esperada "tampa da panela", porquê também faz parte da trajetória humana e das relações fazer uma trajetória solitária ou, com muita sorte, estar acompanhado sem maiores atribulações (como se complexidades, conflitos e problemas não fizessem parte da vida de casal) e guerras entre egos e vaidades. Mas, quando você compreende isso e perde uma série de mitos românticos, estar solteiro não é mais um bicho-de-7-cabeças ou necessariamente tenha que ser uma condição sofrida e sofrível.
Estar confortável em estar solteiro também pode ser libertador, a medida em que você pode se livrar de uma série de infortúnios e aborrecimentos em que se relacionar com personas que não tem nada a ver com você ou até tinham alguns afinidades por um determinado período pode causar.
Confesso que o meu difícil e complexo temperamento está avesso às complicações e aos complicantes e embates. Meu cansaço para relacionamentos me sugere o conforto da tranquilidade de quem está em paz consigo mesmo no tocante a duplicidade e companheirismo. Estou voltado para mim messsssssss mo, para o meu universo particular, saboreando a minha fase de "Dancentrismo".
Nessa fase, eu não estou buscando ninguém, nem querendo viver nada com ninguém, porquê, no meu modo de encarar assuntos afetivos, afeto e sentimento não regidos pelo o encontro da espontaneidade, sem precisar usar de estratégias e comandos para forçar algo que poderia acontecer no seu ritmo próprio, pelo simples fato do acontecer, do fluir. Nada que é forjado é natural, espontâneo.
Por essas e outras, encontro-me confortável comigo mesmo e fora da temporada de caça por livre e espontânea vontade e tempo indeterminado. Naturalmente que companhia e carinho dos outros fazem bem, mas, quem disse que você não pode fazer isso por você mesmo?!!! Existem formas e formas para se acarinhar e fazer bem para si e por si. No momento, é o que eu estou fazendo por mim, confortavelmente sem riscos ou chateações.