Será, Batman?!!!

"O que me define não é o que eu sou por dentro, mas o que eu faço."

Eu acredito que não dá para dissociar a essência, o conteúdo interior, das ações. Justamente, porquê o que pensamos, sentimos e acreditamos são o quê nos definem e representam como indivíduos, assim nos refletindo nas nossas escolhas e práticas, sejam elas boas ou más, aprovadas ou não. Para esse entendimento, não me refiro quando agimos de forma premeditada (objetivamente calculada) ou forçada - pois, podemos ou não estar contrariando à nós mesmos e as nossas vontades. Muito embora, quem tem a natureza de estadista (frio e calculador) não age contrariando a si mesmo, sendo o que faz sem ter crises morais e éticas, apesar de querer incutir nos outros a impressão de que podem estar agindo de forma forçada, indo contra a sua própria natureza.

Espontaneamente, damos as nossas ações a nossa cara, a nossa identidade, o nosso estado de espírito, até quando cometemos falhas e equívocos. Ninguém vive um personagem a toda hora, a todo custo. Até mesmo sem notar, acaba emprestando ao personagem seus próprios elementos. Quantos atores já não afirmaram em seus depoimentos quando entrevistados que emprestam aos seus personagens as suas memórias afetivas?!!!

Batman procura a dar entender que ele é um e o Bruce Wayne outro, duas personalidades dissociadas. Quando na verdade, ambas as identidades se misturam e se confrontam a todo instante, tal e qual a todos nós com as nossas crises morais, de identidade, enfim, a conflituosa e difusa batalha entre a razão e a emoção. Não há nenhum personagem (tipo ideal criado) que seja indissociável do seu próprio autor/criador e vice-versa, ambos precisam deles mesmos para existir, para poder realizar as suas funções retratadas numa ficção e/ou realidade. Até em casos patológicos, em algum momento, as múltiplas personalidades se encontram.

Se você age contra a sua natureza, o primeiro atentado é contra si mesmo. Uma autoviolência que abre precedentes para outras virem. Quando se é transparente, honesto e autêntico o que se é e o que se faz caminham de mãos dadas, porquê ser e fazer se tornam num só.