Momento Novela das Seis (18h). rs... Sim, sim, sim, só para não perder o hábito, claro. :p
Após 5 anos "dormindo", Ana (personagem vivido pela atriz Fernanda Vasconcellos) desperta para a vida e percebe que o contexto ao seu redor mudou. E aí, Ana?!!! De fato, "a vida da gente" é assim mesmo - independente da nossa vontade, ela segue o seu rumo, muitas vezes, de forma implacável. E o grande conflito subjetivo é: A realidade nua e crua sem enfeites versus "como eu gostaria que ela fosse". Até aí, humanamente compreensível e, por um momento, bancar a "criança mimada" faz parte da negação dos fatos até uma elaboração mais concreta, madura e racional da situação.
- "Sem cronometrar tempo, okay?!!! A superação varia de pessoa para pessoa até a tal elaboração."
Se já não bastasse o árduo processo de reabilitação, um esforço sobrehumano para qualquer paciente em reabilitação físicomotor, o drama de Ana consiste na adição de dois mais pilares éticos: I) Aceitar o casamento da sua irmã com o seu ex-namorado, pai da sua filha - que até o acidente, jurava amor eterno, basicamente um clichê de Romeu e Julieta e ensaiavam uma possível reconciliação e; II) perceber o distanciamento afetivo do seu "bebê" para com ela, não a reconhecendo como mãe - pelo menos, não como a personificação que dá sentido à expressão "mamãe" - figura materna singular.
Vamos as duas questões morais:
Primeira. Se foi traição ou não o envolvimento entre Manuela (irmã de Ana, de personalidade frágil e desdenhada pela mãe-megera, interpretada por Márjorie Estiano) e Rodrigo (o amor de Ana e marido da irmã, interpretado por Rafael Cardoso) culminando no casamento deles, em detrimento de Ana, afirmar é uma questão muito individual. Cada um de nós, elege as suas regras afetivas. Mas, de acordo com as minhas vivências e conceitos, por mais que o romance entre o casal (Manuela e Rodrigo) tivesse surgido de forma espontânea, como a autora propõe, e como também ele já não tivesse mais nada com Ana enquanto casal, antes mesmo do acidente, para mim, houve uma traição sim, mesmo que não intencional.
Tudo bem, concordo, que não dava para prever se a Ana iria acordar ou não, pós-coma, mas, poderia ter sido evitado - Antes da aproximação entre eles acontecer, ambos já tinham pares à vista. Se toda cunhada ou cunhado fosse se envolver com o par do seu fraterno na criação dos sobrinhos, com certeza, ia ser um novela alá Nelson Rodrigues. Mas, de toda forma, eu não os condeno, situações assim são passíveis de acontecer. Nessa área afetiva e do desejo, ninguém é completamente racional para brecar os sentimentos.
Já que resolveram se envolver e se casar, agora é hora de enfrentarem juntos a consequência desse relacionamento. Mas, a questão moral desse pilar, não está nas mãos do Rodrigo - até porquê, ele não é o primeiro homem na face da Terra que faz juras de amor eternas - A população feminina já está careca de saber. Mas, o grande dilema é a "traição fraterna" de Manuela, por isso o conflito emocional dela é tão perturbador - porquê ela sabe que, mesmo não agindo de má fé, ela assumiu um lugar ou se colocou como obstáculo entre eles e, diante disso, como conseguir o perdão da irmã?!!!
- "Tal perdão é possível sim, desde o momento em que a Ana compreenda que, mesmo eles não evitando a situação, a vida também apronta as suas pegadinhas. E como!!! O perdão da Ana é diretamente proporcional com o grau de maturidade que ela irá compreender e superar a situação. Poderá ou não acontecer, dependerá única e exclusivamente da generosidade dela".
Cá entre nós, nem o Rodrigo sabe o que ele quer e sente: - "Toda a paixão que eu sentia e julgava ter morrido acordou junto com a Ana." Aahhhhhhhh, afinal, o que ele sente pela irmã dela?!!! Típico conflito de quem não sabe o que quer e terá que escolher entre o casamento construído (amor do tipo companheirismo e amizade) e o que não foi vivido (fogo e paixão) - quase uma Jade, do O Clone!!!
- "Tomara que a doce e frágil Manuela não tenha apostado as usas cédulas num cavalo pangaré e que esse amor consiga servir de alicerce para o seu casamento".
Segundo Pilar. O distanciamento afetivo com a filha pela ausência de convivência. Nem diria em convivência, mas, interação, pois a Julia (filha) cresceu sabendo da existência de Ana e estabelecendo contatos. A falha existente foi a ausência de papéis definidos. Mãe, não é tia, é mãe, apesar dos vínculos afetivos. Mas, darei um desconto a idade da criança e a complexidade da situação para uma criança dessa idade (5 anos) compreender.
Todavia, os laços de parentescos deveriam ter sido bem definidos, desde o princípio e de preferência com um acompanhamento de um profissional (terapeuta familiar) - quiseram lidar com uma situação que, por definição, já não era simples como normal. A vontade de "brincar de casinha", carência afetiva e oferecer uma família para a criança se sobrepós as questões que ainda estariam por vir - mais cedo ou mais tarde questionamentos sobre parentesco iriam surgir.
Todavia, se aproximar da filha é uma questão de tempo e paciência, já que algumas resistências da criança (comuns e previsíveis para a idade) já se apresentam.
E aí, Ana?!!! As respostas do seu dilema só dependem de você, da sua grandiosidade. O mais pesado desse triangulo amoroso e da complexidade familiar ficou sob você mesma. Aguardemos a solução da autora do folhetim. Porém, nem tudo pode ser justificado através do amor.