"Foi por medo de perder, que eu perdi."
Toda vez que eu escuto esse refrão, me toca fundo, mexendo e removendo em mim algumas lembranças adormecidas. Talvez, traga de volta uma certa nostalgia e nada mais - quanto à isso, os meus sentimentos estão bem resolvidos, até porquê, não há nada e nem ninguém à ser resgatado. Não. Eu não estou negando nenhum amor que já morreu e devidamente sepultado.
Quando você sente em carne própria esse medo, o medo natural de não querer abrir mão de uma relação importante, de um sentimento forte e especial, também é natural que você tome cartas sobre o assunto para evitar que seu medo aconteça. Na ânsia de não perder é que você coloca tudo a perder, mesmo não se dando conta disso. Agir sob a ameaça da perda, do fracasso, faz com que você também cometa erros.
O meu maior erro foi perder o controle da situação diante os conflitos e obstáculos, no nosso caso, nem tantos conflitos, mas grandes obstáculos. Sem dúvida, o que também me causa um certo desconforto ao lembrar disso, como bom libriano que eu sou, é porquê eu não gosto de perder e o meu lado controlador se faz presente. Não se trata de controlar os sentimentos dos outros, porquê ninguém é capaz de controlá-los, nem mesmo você, mas controlar a situação ao meu favor, de acordo com os meus desejos. Essa falsa sensação por si só já é um erro de percepção ou se trata do orgulho de um ego inflado.
Chega o momento em que administrar conflitos e obstáculos escapam das mãos, porquê quanto se trata de sentimentos ninguém os controla, apenas se sentem. Também no nosso caso, nem me dei ao trabalho de controlar nada (já que estava fora do meu controle), apenas respeitei o seu desejo: rompemos em comum acordo.
Foi assim: Perdi, agora está tudo bem. Mas, não trago comigo nem culpas e nem ressentimentos com relação à você, considerando que eu preferi me poupar de lidar com a sua falta de controle e autonomia da sua própria vida, da dependência e influência familiar sobre as suas costas. O seu perfil não me convinha, para nada. A relação se dá no patamar de autonomia para autonomia, de independência para independência.
(...)"Foi pensando em me guardar
E querendo não querer
Me dizendo pra esquecer
Foi pensando só em mim
Que eu pensei só em você"...
(
Sonho Lindo by Roberto Carlos)