sábado, 2 de abril de 2011

A "filosopoesia" de Naomi



Quem está acompanhando o início da novela Morde & Assopra, tem ótimos motivos pra assistí-la. Além do par romântico "Pre-histórico" e "Bruxa" (Abner e Julia), interpretados por Marcos Pasquim e Adriana Esteves, mais uma vez com a química nas estrelas, não poderia imaginar o universo filosófico e poético que permeia a andróide Naomi, personagem vivida por Flávia Alessandra - o "sonho de ícaro" do personagem Ícaro do Mateus Solano.

A união entre o brilhante texto escrito por Walcyr Carrasco, o autor da novela, e a música tema da andróide, "Comptine D'un Autre Ete", que dão vida ao misancene de Naomi, com certeza, é de deixar a nossa sensibilidade e reflexão aguçados, completamente à flor-da-pele - É impossível não se emocionar e não refletir sobre O que é ser um "ser humano". Eu já me emocionei e cá estou propondo uma reflexão.

Desde os primórdios, a humanidade tem a obsessão por se diferenciar dos demais, sejam eles criaturas ou criações, colocando-se no topo do mundo e da cadeia alimentar como quase deuses. Se pretensamente a raça humana se considera como a mais inteligente e superior das raças quando se comparada aos outros animais e seres vivos, diante da sua própria barbárie e ignorância age como tal: impulsiva e irracional.

Se somos mais inteligentes do que as máquinas e os sistemas eletrônicos, acabamos por ser mais uma peça alienada do sistema, tais e quais máquinas e objetos de uso e desuso, com algum preço dado e a ser pago e taxa de validade - sim, nós temos um código de barra invisível.

Além da nossa inteligência, o que nos diferencia dos robos são os nossos sentimentos. Porém, em algum momento da nossa vida afetiva, acabamos por agir de forma padronizada, robotizada: Ora artificial, ora padrão. Se incorporamos um comportamento padrão, robotizado, porquê o inverso não pode ser capaz?!!! Mesmo que de forma filosófica e poética?!!! Para o universo da subjetividade não há limites. Nós produzimos sensações interno e externo à nós.

Se sentimentos são cultivados e produzidos no dia-a-dia, no exercício das relações, porquê não encontrar uma forma de sistematizá-lo?!!! Por mais que insano possa ser, não é desde hoje que leões buscam coragem, bonecos buscam vida e robos um coração. A inteligência artificial está aí , sendo um fato incontestável, e a inteligência emocional é um composto subjetivo, cerebral. Coração é um símbolo, a subjetividade é cabeça.

Mas, apesar de todo o retrocesso que estamos vivenciando, com a deterioração da ética e da moralidade, da família e dos relacionamentos afetivos, se os homens estão se transformando em robos e animais, cada vez mais frios e calculistas na sua forma de pensar, agir e sentir ou jamais deixaremos de ser assim, porquê o inverso não pode ser uma possibilidade?!!!! Na busca da sua compreensão e ao definir-se como máquina ou ser humano, Naomi desperta em nós os nossos sentimentos, as nossas emoções.

O que é ser um ser humano?!!! O que nos propõe e presume diferentes aos robos é a nossa capacidade de sentir. Então, porquê na vida pós-moderna e internáutica nós estamos cada vez mais nos transformando como tais, embora não sejamos completamente compostos por chips, peças e sistemas artificiais?!!!

Criou-se uma vida artificial e virtual, uma possibilidade de exercitarmos os nossos pensamentos e sentimentos também de forma virtual...

Enfim, a vida foi recriada além do seu aspecto biológico e dogmático, onde a ciência mais uma vez tenta vencê-la na sua eterna luta, na sua eterna "quebra-de-braço", buscando todas as glória s e créditos aos homens - quanto ceticismo ao que a nossa vã filosofia pode alcançar. Se um andróide pode sentir, já eu não sei, mas, que ele é capaz de despertar em nós sentimentos e reflexões isso pode, com toda certeza. Eu sou a prova viva disso. Me emociono e repenso sobre o que é ser um ser humano todos os dias, a cada contato com a "filosopoesia" de Naomi.

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