terça-feira, 1 de março de 2016

A metáfora do relógio (PyP, capítulo 106)




Quando Eládio dá ao sogro o relógio presenteado por Julia, um símbolo cheio de significado para ela por representar o seu esforço e a sua realização pessoal materializados em seu primeiro salário... okay, a primeira intenção, a mais imediata, foi esquecê-la, não porquê deixou de amá-la, mas para estancar a dor que ele estava sentindo com o fim do casamento. 

Todavia, se desfazer desse relógio também não foi algo fácil para ele, por saber o que esse objeto significa para eles, algo que ficou claro quando ele beija o objeto antes de entregá-lo. Seja consciente ou inconscientemente, se desfazer do relógio é uma maneira de magoá-la. Despedidas e separações nunca são fáceis, sobretudo quando há amor por intermédio. 

Quem nunca passou por uma situação assim: Devolver e/ou receber os detalhes e os presentes ganhados durante o namoro e/ou o casamento?!!! Normal, comum e corrente. Acontece todos os dias. Se eu devolvi algum presente, eu não me lembro. Mas, o que realmente importa é que cada um tem a sua maneira particular para lidar com as suas próprias dores, perdas e separações e, por isso, não cabem críticas e nem julgamento de valores apenas respeito. 

 Por sua vez, diante da sua própria "cegueira", a frágil, a orgulhosa, a apática e manipulável Julia prefere crer que foi esquecida por Eladio, duvidando dos sentimentos dele por falta de confiança e por sentir autopiedade - em situações de fragilidade é comum sentir-se menos, seja por culpa, punição ou o que quer que seja. A compreendo, porém não a justifico. 

O fato é que, seja com relógio ou sem o relógio, a dor só passará ou se aprenderá a lidar com ela e o esquecimento chegará com o decorrer do tempo.

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"As lágrimas não reparam os erros!!!"

The Verve - Bitter Sweet Symphony (with lyrics)

♫ Pitty - Na sua estante

"Eu não ficaria bem na sua estante..."