sábado, 14 de julho de 2012

Essa tal "autenticidade" que liberta...




Eu vi passar a procissão dos homens iguais, tristemente iguais, mesquinhamente, miseravelmente, acomodadamente iguais... Cada um, em si mesmo, convencido de que era autêntico, ia a cantar desentoado a canção de uma autenticidade inexistente. Todos, arrastando medroso e maquinal mesmismo, iam inventando um poema de suposta liberdade. Iam tangidos pela espora da cobiça, perdidos no erótico, fugindo do tédio, caçando novas sensações, buscando acumular... Todos massificados no mesmo caminho, defendendo desgastadas crenças ou gritando pseudo-rebeliões extremistas, repetindo ideologias ocas mas aliciantes, mantendo as mesmas aspirações, lutando pelas mesmas confortadoras ilusões. Iam vestindo as mesmas vestes; falavam de forma igual; preferiam as mesmas coisas, detestavam as mesmas coisas; alienavam-se da mesma forma. Ainda estou vendo passar agitada a patética procissão dos homens-máqunas e iguais, com seu tropel de normais pés acorrentados, tentando esmagar os raros rebeldes que vãmente falaram de verdadeira liberdade e da autenticidade que liberta. 

 (Hermogenes)

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